Funerais adiados em Lisboa. Não há coveiros

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Konrad Maciazek/Google Maps

Há testemunhos de familiares que são impedidos de fazer o luto a tempo e horas devido ao adiamento de funerais. Câmara de Lisboa já confirmou o constrangimento, mas a líder na prestação de serviços funerários nega-os. 

Confrontados com a morte de parentes, alguns familiares estão a ser impedidos de fazer o luto a tempo e horas, com as cerimónias fúnebres a ser adiadas por um constrangimento invulgar — a falta de coveiros de serviço nos cemitérios.

Profissão necessária mas cada vez menos procurada, há uma carência de coveiros e a nova situação é confirmada pela Câmara Municipal de Lisboa.

“Ao longo dos últimos anos tem-se verificado algumas carências de Assistentes Operacionais (coveiros)”, diz a autarquia, segundo o Jornal i, confirmando que as mesmas “têm obrigado a fazer uma gestão do agendamento de funerais que permitam a sua realização com o número suficiente de elementos, para que estes se concretizem em segurança.”

Será por essa razão que uns cemitérios agendam os funerais para a parte da manhã, enquanto outros agendam sempre para a tarde, dando tempo aos coveiros para se deslocarem e, assim, prestarem os serviços em vários cemitérios.

Terá sido aberto um concurso que resultou na chegada de 15 novos coveiros, mas mesmo assim “várias vagas disponíveis por falta de candidatos” mantêm-se por preencher. Um novo concurso, para preencher 30 vagas, será aberto ainda este ano, prevê a autarquia liderada por Carlos Moedas.

Falta de atração deixa concursos vazios

Reconhecendo que a autarquia não tem profissionais suficientes, o presidente da direção da Associação Nacional de Empresas Lutuosas (ANEL), Carlos Almeida diz ao SOL, por outro lado, que a situação não tem só a ver com os coveiros.

“Benfica só aceita funerais domingo de manhã. Sabendo que 90% ou mais dos portugueses têm uma presença religiosa e católica no funeral, sabendo que no domingo de manhã é para o praticante e os padres estão mais assoberbados de missas e trabalho, principalmente no domingo de manhã, não vão ter disponibilidade para realizar o funeral. Isto causa constrangimentos. Podem não ser acompanhados conforme desejavam“, afirmou o responsável.

Espera-se que a situação — que é profundamente afetada em qualquer situação de baixa ou férias dos profissionais de enterros —  se agrave durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a decorrer entre 01 e 06 de agosto na capital.

“Realmente na capital isto é um constrangimento. Nas outras regiões, a situação já há muito tempo que vem agudizando. Há muitos concursos que ficam vazios. A Câmara de Lisboa ainda vai arranjando alguns. Sabemos que as remunerações são baixas, que não são atrativas, etc. Também não é, digamos, um serviço que atraia os jovens, sejam mais letrados ou menos letrados, não atrai. E depois a baixa remuneração, pior ainda”, avisa.

Líder de serviços funerários nega constrangimentos

Principal empresa deste mercado, a Servilusa diz que esta “é uma realidade de há muitos anos”, mas nega qualquer existência de constrangimentos, e reforça que “é certo o significativo volume de serviços da empresa em Lisboa.”

Sobre a mortalidade, o responsável diz que é possível afirmar que “segundo os dados obtidos pelo SICO – Sistema de Informação de Certificados de Óbito, em Portugal, no primeiro semestre deste ano regista-se uma forte diminuição da mortalidade em -5,3% e em Lisboa cidade de -8,4%”

ZAP //

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1 Comment

  1. Porquê que os Portugueses candidatam-se aos concursos públicos para a contratação de trabalhadores e não são contratados? Porquê que não fazem nos concursos públicos para a contratação de trabalhadores testes psico-técnicos para averiguar o perfil profissional dos candidatos, ao invés de “perguntas relacionadas com o posto de trabalho”, provas práticas, ou questionários de carácter jurídico/legislativo? Porquê que só entra para a Função Pública quem já lá está? Porquê que sem cunha de uma seita política/religiosa, de familiares, ou amigos, os Portugueses que se candidatam e possuem perfil para ser funcionários do Estado, nunca são aprovados e contratados? Porquê que exigem 12 anos de escolaridade quando em Portugal a escolaridade obrigatória é definida pela data de nascimento? Porquê que mentem ao dizer que os «…concursos…» «…ficam vazios…» quando na verdade o problema está na maneira como os concursos são feitos e toda a corrupção e cunhas/tráfico de influências inerentes aos mesmos, que faz com que as pessoas não se candidatem porque já sabem que os concursos estão viciados?

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