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Funcionário do aeroporto morreu depois do INEM ter sido obrigado a pagar estacionamento

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Vitó / Flickr

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Um funcionário da alfândega do aeroporto de Lisboa faleceu depois de ter sido encontrado inanimado no local de trabalho. Entre as causas da morte esteve a demora do INEM, que teve que pagar o estacionamento para sair do aeroporto.

Segundo António Castela, da Associação Sindical dos Profissionais da Inspeção Tributária e Aduaneira (APIT), o socorro prestado ao funcionário João Moura foi demorado devido a “um conjunto de circunstâncias que se acumularam, desde a ambulância da Cruz Vermelha existente no aeroporto de Lisboa ter sido interditada de passar num caminho de circulação fora de pista, e que obrigou à chamada externa do INEM, que também teve de tirar ticket de entrada e pagá-lo à saída com toda a morosidade existente”.

A APIT denunciou o caso, ocorrido no sábado passado, para lançar o alerta sobre a inexistência de equipamento de emergência médica (desfibrilhador) na alfândega do aeroporto de Lisboa.

“Não se entende que, num local onde estão centenas de trabalhadores de vários organismos, não exista aquilo que são os equipamentos de sobrevivência, de emergência médica, como é um desfibrilhador, e que deveria existir obrigatoriamente ali. Existe no lado dos passageiros, mas do lado da carga não”, disse à Lusa António Castela, vice-presidente da APIT.

“Calculamos que o colega esteve cerca de meia hora sem cuidados médicos, apesar de ter estado no local um outro colega da Groundforce, que tem curso de primeiros socorros, e de este lhe ter feito tentativas de reanimação”, adiantou.

António Castela considerou “gravíssimo” que não haja equipamento de emergência médica nas instalações, lembrando que se trata de um aeroporto internacional.

O dirigente sindical defendeu que tanto do lado dos passageiros como “do lado de quem trabalha e suporta o aeroporto a funcionar” deveria existir o equipamento, já que por lei é obrigatório.

Segundo o responsável, existem “centenas de pessoas a trabalhar diariamente no local”, que é também de acesso ao público, já que há armazéns, transitários, despachantes, alfândega e companhias de aviação.

O vice-presidente da APIT avançou ainda que a Direção Geral das Alfândegas já abriu um inquérito para apurar o que aconteceu a 18 de setembro.

Segundo o comunicado da APIT, emitido no sábado, é necessário também “analisar o indeferimento por parte da ANA (Vinci), na pessoa do seu supervisor em serviço no dia em causa, do acesso da viatura médica através de arruamentos do aeroporto que permitiriam um acesso mais rápido de cuidados médicos urgentes ao colega em causa”.

A APIT solicitou ainda junto dos serviços médicos de urgência, que intervieram junto da vítima, “informações sobre a sua deslocação até junto do mesmo, as dificuldades encontradas e a informação prestada”.

ZAP / Lusa

9 Comments

  1. Vergonhoso! Típico de um país de 3º Mundo. Morre uma pessoa só porque um serviço de urgência tem que, primeiro, atender à burocracias de privados.

    • Pois, como o seu comentário é lúcido! O problema está precisamente no facto das burocracias serem de privados. Fossem burocracias do público e já seria típico de um país desenvolvido. Fantástico!

      Acho que qualquer atraso nestas situações é inadmissível quando esse atraso pode e deve ser evitado. Infelizmente este e outro tipo de situações semelhantes ainda vão sendo típicas um país pouco ágil, burocrata e propenso a formalismos injustificados.

  2. Triste é darem noticias sem confrontarem as partes envolvidas. O INEM já veio desmentir tal facto. Agora espero que o “sindicato” se retrate publicamente

  3. Que raio?!!!
    Então e se houver um caso de emergência, idêntico ao que já aconteceu aqui não muito longe, com centenas de pessoas ao mesmo tempo, o que aconteceria? Morriam todos, antes das ambulâncias tirarem o ticket para estacionarem nos parques de estacionamento?
    Ou será esta uma nova formula do Estado pagar uns trocos ao próprio Estado? Cada vez entendo menos….
    Absurdo… Anormal… Ridiculo, etc, etc.

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