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Talibãs mandam funcionárias do governo de Cabul ficar em casa

Wakil Kohsar / AFP

As funcionárias do governo de Cabul devem ficar em casa. A única exceção aplica-se às trabalhadoras cujos cargos não podem ser desempenhados por homens.

Só as mulheres “que não podem ser substituídas por homens” podem regressar aos postos de trabalho, anunciou o governo de Cabul, naquela que é mais uma medida de restrição aos direitos das mulheres, apesar das promessas iniciais de inclusão por parte dos talibãs.

Segundo o The Guardian, Hamdullah Namony, governador interino de Cabul, ordenou às trabalhadoras da cidade para “ficarem em casa“, exceto as que estão em departamentos de design, de engenharia e assistentes nas casas de banho públicas das mulheres.

O representante não adiantou quantas mulheres foram abrangidas, mas disse que, dos cerca de três mil trabalhadores, pouco menos de um terço eram mulheres.

A decisão de impedir a maioria das trabalhadoras da cidade de regressar aos seus empregos é outro sinal de que os talibãs estão a impor a sua interpretação dura do Islão, apesar das promessas iniciais de que seriam tolerantes e inclusivos.

Nos últimos dias, o novo governo talibã emitiu vários decretos que revogam os direitos das mulheres: as alunas do ensino básico e secundário não podem, por enquanto, regressar às aulas e as universitárias do sexo feminino foram informadas de que os estudos teriam lugar em ambientes segregados por sexo, além de deverem respeitar um rigoroso código de vestuário islâmico.

Na passada sexta-feira, o governo também encerrou o ministério dos Assuntos das Mulheres e substituiu-o por um ministério de “propagação da virtude e prevenção do vício”, cujo propósito é reforçar a lei islâmica.

No domingo, uma dezena de mulheres protestou junto ao ministério, apelando à participação das mulheres na vida pública. “Uma sociedade na qual as mulheres estão inativas é uma sociedade morta”, lia-se num dos cartazes.

O protesto terminou dez minutos depois de um confronto verbal com um talibã.

ZAP //

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