Um estudo recente realizado por investigadores da Universidade de Copenhaga revelou um aspeto preocupante do tabagismo que vai para além dos seus conhecidos riscos para a saúde.
Contrariamente àquilo que a sabedoria popular diz, fumar não mantém necessariamente as pessoas magras e “em forma”. De facto, mesmo os fumadores aparentemente magros podem estar a abrigar um tipo perigoso de gordura no fundo do abdómen.
O estudo, publicado recentemente na revista científica Addiction, explora a relação entre o tabagismo e a distribuição da gordura abdominal. Ao contrário da gordura subcutânea, que se encontra logo debaixo da pele e pode ser visualmente aparente, a gordura visceral está escondida nas profundezas do abdómen e está associada a um maior risco de várias condições de saúde, incluindo doenças cardíacas, diabetes e demência.
Os investigadores examinaram dados genéticos de estudos de grande escala que envolveram mais de 1,2 milhões de indivíduos que tinham começado a fumar recentemente e mais de 450 mil fumadores ao longo da vida. Além disso, foram analisados dados de um estudo sobre a distribuição da gordura corporal que incluía mais de 600 mil participantes.
De acordo com a BBC Science Focus, os investigadores identificaram variantes genéticas associadas a comportamentos de tabagismo e à distribuição da gordura corporal, concentrando-se particularmente nos rácios cintura-quadril.
Ao comparar indivíduos com estas variantes genéticas com indivíduos sem estas variantes, conseguiram discernir quaisquer diferenças na distribuição da gordura abdominal atribuídas ao tabagismo.
Os resultados revelaram uma ligação convincente entre o tabagismo e o aumento dos níveis de gordura visceral, independentemente de outros fatores como o consumo de álcool e o contexto socioeconómico.
O estudo desafia a ideia errada comum de que fumar suprime o apetite e mantém as pessoas magras. Embora os fumadores possam, de facto, ter em média pesos corporais mais baixos, isso não invalida a potencial acumulação de gordura visceral prejudicial.