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Fumadoras passivas grávidas também correm risco de perder o bebé

As grávidas que são fumadoras passivas podem correr o risco de perda do bebé, indica um estudo divulgado esta quinta-feira pelo jornal Tobacco Control, que considera o resultado um passo significativo para esclarecer os perigos da exposição ao fumo passivo.

Segundo a publicação, o tabagismo passivo pode levar a aborto espontâneo, morte fetal e gravidez ectópica ou tubária, que é uma gravidez anormal que ocorre fora do útero, em que normalmente o bebé não consegue sobreviver.

“Este estudo demonstrou que os resultados da gravidez podem ser correlacionados com o tabagismo passivo. Significativamente, as mulheres que nunca fumaram, mas que foram expostas ao fumo passivo correram maior risco de perda fetal”, disse o investigador principal do estudo, Andrew Hyland, que preside ao Departamento de Saúde Comportamental em Nova Iorque, citado pela publicação.

Estudos anteriores sobre a matéria estabeleceram a relação entre fumar durante a gravidez e os três resultados de perda fetal – o aborto espontâneo ou natural (perda de um feto antes de 20 semanas de gestação), nado-morto (perda de um feto depois de 20 ou mais semanas de gestação) e gravidez ectópica tubária -, mas as evidências do risco relacionado com a exposição ao fumo passivo eram limitadas.

Risco igualmente alto

Os resultados demonstram que as mulheres com os mais altos níveis de exposição ao fumo de cigarros – apesar de elas mesmas nunca terem fumado – tiveram significativamente maiores estimativas de risco para todos os três resultados adversos da gravidez, concluem os investigadores.

Os riscos que as mulheres grávidas fumadoras passivas submetidas ao estudo correram aproximaram-se ao observado em mulheres que fumam, incluindo aquelas que fumaram mais de 100 cigarros durante toda a vida.

Também foram avaliados adultos que se expuseram ao fumo dentro de casa por mais de 20 anos e adultos que se submeteram a ambientes de fumadores no trabalho por mais de 10 anos.

“Este estudo oferece novas informações para as mulheres em relação ao impacto que o fumo passivo pode ter sobre os resultados reprodutivos e a sua capacidade de ter uma gravidez com sucesso”, disse Andrew Hyland.

“O objetivo do estudo também é fornecer aos profissionais de saúde pública e outros informações sobre quais as orientações de saúde e as consequências significativas de fumo passivo”, acrescentou o investigador.

Estudo alargado

De acordo com a publicação Tobacco Control, o estudo é igualmente importante, por um lado, por levar em consideração a exposição dos participantes ao fumo, tanto na infância, como na idade adulta, e não apenas durante a gravidez, ou somente após os anos do período de gestação.

Os investigadores compararam também o grupo de mulheres não fumadoras com as que nunca se expuseram a ambientes de fumadores, criando assim um grupo verdadeiramente de controlo se comparado aos estudos anteriores, refere a publicação.

O estudo abrangeu 80.762 mulheres, número que representa uma das maiores amostras neste tipo de pesquisa.

“Os participantes vieram de várias áreas geográficas e têm várias origens étnicas, educacionais e socioeconómicas. Isso permitiu uma avaliação abrangente de informações detalhadas sobre as exposições, resultados e potenciais fatores de confusão”, considerou o coautor do estudo Jean Wactawski-Wende, docente no Departamentos de Medicina Preventiva e Social, Ginecologia e Obstetrícia na Universidade de Buffalo, em Nova Iorque.

/Lusa

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