ZAP
Freguesia de Benfica tem recebido muitos ucranianos mas há ajustes a fazer: reforma de professor universitário é de 40 euros.
A freguesia de Benfica, em Lisboa, que já contava com uma comunidade ucraniana significativa, tem recebido muitos refugiados da guerra, nas últimas semanas.
Só no sábado passado, dentro da missão “Bairros de Paz”, chegaram 59 pessoas refugiadas, que estão a ser integradas na freguesia lisboeta. Iriam ser 60 mas um dos homens não apresentou os documentos exigidos e não veio para Portugal.
As autoridades locais têm tratado da documentação, do alojamento, e ajudado na reconstrução de vida destes refugiados. No entanto, há aspectos a tratar que “não são pormenores”, admitiu a autarquia, na rádio TSF.
“Por exemplo, temos connosco uma professora universitária reformada. Na Ucrânia, a reforma de uma professora universitária é equivalente a 40 euros. Temos que ver esses aspectos com a Segurança Social”.
E, em relação às crianças, é preciso uma atenção maior porque “podemos estar a tratar de crianças que não conseguiam dormir, porque ouviam sons de bombas durante a noite e agarravam-se aos adultos”.
Palavras de Anna
O jornal Mensagem de Lisboa cruzou-se com Anna Borsuk, na Escola Básica Pedro de Santarém, precisamente em Benfica.
Proveniente de Kherson, enquanto saía do seu país natal a ucraniana de 33 anos via, num lado, “a cidade em fogo” e, no outro, “os aviões russos a atacar”.
“O choque e o medo que prendem o corpo são simplesmente impossíveis de transmitir”, confessou Anna, que para chegar a Portugal passou por Polónia, Alemanha, Holanda, Bélgica, França e Espanha
Está em Lisboa, com filhas e tia. Mas com o pensamento na mãe (enfermeira), na avó (demasiado idosa para realizar uma viagem tão longa) e na irmã (não conseguiu fugir).
“Sinto-me culpada por estar segura, mesmo tendo tirado as minhas filhas da guerra”, admitiu Anna Borsuk.
