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O terceiro maior operador turístico europeu está em insolvência. Há impacto em Portugal?

Capt Gorgeous / Flickr

FTI não resiste às dificuldades. Em Portugal, os mais afetados deverão ser grandes grupos hoteleiros, sobretudo na Madeira e nos Açores.

A FTI, o terceiro maior operador turístico na Europa, apresentou um pedido de abertura de processo de insolvência.

O processo deu entrada na segunda-feira, num tribunal de primeira instância de Munique, na Alemanha.

Em comunicado, a empresa informou que está a trabalhar para garantir que as viagens já iniciadas possam ser concluídas conforme planeado, embora as que ainda não tenham sido concretizadas já não possam acontecer ou podem ser concluídas apenas parcialmente.

O grupo FTI, com sede em Munique e que emprega mais de 11.000 pessoas em todo o mundo, entrou em dificuldades durante a pandemia de covid-19, embora tenha recebido 595 milhões de euros em ajudas estatais do Fundo de Estabilização Económica (FSM, em alemão).

Em abril, um consórcio liderado pelo fundo americano Certares adquiriu o grupo pelo preço simbólico de um euro com o compromisso de investir 125 milhões de euros na empresa.

No entanto, a empresa salientou agora que, apesar da entrada do consórcio, “os valores das reservas têm ficado muito abaixo das expectativas” e numerosos fornecedores têm insistido no pagamento antecipado, o que aumentou as suas necessidades de liquidez.

O FTI lançou um site e um número de telefone gratuito para as pessoas afetadas e garantiu que está a desenvolver um plano de informação para os viajantes e a implementar todas as medidas necessárias.

Mas há milhares de alemães que temem pelas suas férias, avisa o jornal Handelsblatt.

Há muitos clientes inseguros: uns têm que pagar o hotel pela segunda vez, outros agora não sabem se vão ter férias.

“Estamos chateados”, admite a (ex-)cliente Jennifer Kuhles, que iria de férias ainda neste mês com o marido e com a filha de 10 anos. As férias estavam marcadas desde 2023.

Há poucas semanas ligou para a FTI; a resposta ao telefone foi: “São apenas rumores, isso não é verdade (a insolvência)”.

Foram 3.600 euros por uma viagem que não vai acontecer – um valor que não sabe quando (ou se) vai ser devolvido.

Em Portugal

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) disse na sexta-feira que o impacto em Portugal “não é muito grande” e aguarda informações sobre as reservas que já estão pagas.

“A exposição não é muito grande, estamos no início do verão. A informação que temos junto de alguns operadores que trabalhavam com agências da FTI é que é recuperável, não temos impacto e exposição demasiado grande”, disse a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, em conferência de imprensa sobre as expectativas da hotelaria para a época alta.

Em Portugal, a empresa prestadora de serviços de turismo (DMC) do FTI é a Sidetours que, segundo a AHP, “está a revisitar as reservas que já tinham” e não avançou ainda como pretendem fazer relativamente às reservas que já estão sinalizadas e pagas.

Cristina Siza Vieira realçou que a Alemanha não é o principal mercado emissor de turistas para Portugal e apontou que os mais afetados pela insolvência deverão ser grandes grupos hoteleiros, sobretudo na Madeira e nos Açores.

“O que fizemos, como associação representativa, foi fazer este contacto para perceber que expectativa é que os hoteleiros portugueses que são clientes deste operador alemão e com uma relação direta com o seu DMC em Portugal, e que satisfação, podem ter”, acrescentou o presidente da AHP, Bernardo Trindade.

ZAP // Lusa

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