Uma nova investigação, apresentada na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes, em Madrid, demonstrou que o consumo de fruta, aveia e centeio na infância está associado a um maior risco de desenvolver diabetes tipo 1.
A diabetes tipo 1 é uma condição autoimune na qual o sistema imunológico ataca e destrói as células das ilhotas produtoras de insulina no pâncreas.
Este fenómeno impede que o corpo produza insulina suficiente para regular adequadamente os níveis de açúcar no sangue.
Ainda não está totalmente claro o que desencadeia o ataque do sistema imunológico, mas acredita-se que envolva uma combinação de uma predisposição genética e um gatilho ambiental.
“A diabetes tipo 1 é uma condição séria que requer tratamento ao longo da vida e, portanto, coloca um fardo considerável sobre o paciente e a sua família”, referiu Suvi Virtanen, do Instituto Finlandês de Saúde e Bem-Estar, citado pelo MedicalXpress.
Segundo Virtanen, o rápido aumento da diabetes tipo 1 em crianças sugere que os fatores ambientais desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença. “Identificar esses fatores dá a oportunidade de desenvolver estratégias para preveni-la”, acrescenta a investigadora.
Neste estudo, Virtanen e a sua equipa concentraram-se na dieta durante a infância para averiguar se estava associada ao desenvolvimento da doença em milhares de crianças na Finlândia.
Assim, 5.674 crianças com suscetibilidade genética à diabetes tipo 1 foram acompanhadas desde o nascimento até aos seis anos.
Nesta idade, 94 desenvolveram diabetes tipo 1 e 206 desenvolveram autoimunidade de ilhotas, o que significa que tinham um risco substancialmente maior de desenvolver a doença nos anos subsequentes.
Na análise, vários alimentos foram associados a um maior risco de desenvolver diabetes tipo 1. Os resultados mostram que quanto mais fruta, aveia ou centeio as crianças comiam, mais o risco aumentava.
Em sentido inverso, comer morangos, mirtilos, framboesas, groselhas e outras frutas vermelhas parecia dar proteção contra a diabetes tipo 1.
“As bagas são particularmente ricas em polifenóis, compostos vegetais que podem amortecer a inflamação associada ao desenvolvimento da diabetes tipo 1”, explicou Virtanen. “Por outro lado, as frutas podem conter substâncias nocivas que não estão nas bagas, sendo que estas podem estar livres de pesticidas.
Aveia, banana, laticínios fermentados (como iogurtes) e trigo foram associados a um risco aumentado de autoimunidade das ilhotas, enquanto vegetais, como brócolos, couve-flor e repolho, foram associados à diminuição do risco.
Todas as associações foram independentes, o que significa que ocorreram independentemente dos outros alimentos ingeridos.
“É importante descobrir que fatores nestes alimentos são responsáveis por estas associações. Se as bagas contiverem um fator de proteção específico, por exemplo, essa substância ou as próprias bagas podem ser usadas para prevenir a diabetes tipo 1”, salientou o investigador, afirmando, contudo, que ainda é muito cedo para ser feita qualquer recomendação dietética.
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