O alegado namorado ou namorada – numa relação na internet – conquista o coração da outra pessoa, diz que a vai visitar, mas depois…
O truque não é propriamente uma novidade. Até é considerado um “clássico” pelos especialistas da Fraud Helpdesk.
Numa relação online, portanto à distância, o criminoso (que vive noutro país, supostamente) faz-se passar por alguém muito apaixonado pela vítima. E finge ser muito rico num primeiro momento.
Conquista o coração da outra pessoa, mostra-se muito atencioso, diz que está completamente empenhada nesta relação – e que, por isso, até quer ir até ao país onde a pessoa vive.
O país em causa, neste contexto, são os Países Baixos.
Depois de tantos elogios e de tantas promessas de encontro pessoal, surge um inesperado (tudo falso, recordamos): a pessoa do outro lado – criminoso – diz que teve um imprevisto muito grave. Precisa de ajuda financeira, ou porque ficou desempregada, ou porque o filho está muito doente.
E a vítima ajuda, envia dinheiro. Muito dinheiro, às vezes.
A rádio WNL apresenta números destas “fraudes de romance”: só em 2023, nos Países Baixos, este esquema angariou no total mais de 7.6 milhões de euros – quase o dobro dos 4.3 milhões do ano anterior.
E porque escrevemos “muito dinheiro” ali em cima? Porque o número de pessoas enganadas nem é alto: 246 vítimas, no meio de 17 milhões de habitantes.
Mas a quantia roubada em cada caso é realmente grande. Uma vítima chegou a enviar 900 mil euros para o alegado namorado; outra enviou 800 mil euros.
Sem surpresas, o impacto deste crime vai muito além do dinheiro: a pessoa fica arruinada emocionalmente, muitas acabam em depressão.
Poderia, por simpatia, dizer que lamento pelas vítimas.
Mas não. Não só não lamento como me parece uma boa mão de ensino.
Mas em que mundo vive esta gente?
Se têm muito dinheiro e não sabem o que fazer com ele, dividam com os pobres, em vez de o darem a quem nunca viram, nem sequer sabem se existe.
A culpa não é só de quem rouba, mas mais ainda de quem não tem miolos e se deixa roubar.