Quando algo desaparece lá em casa, ou coloca-se uma nota de 5 euros num frasco, ou opta-se por outra abordagem.
Lá voltamos às questões de parentalidade. Como a mãe ou o pai devem falar ou agir perante os seus filhos – sabendo que cada pessoa é uma pessoa e cada casa é uma casa.
Desta vez, o contexto é diferente do que temos abordado: o momento em que um objecto desaparece lá em casa.
Rachel Bowie, habituada a abordar questões familiares (e mãe, já agora), partilhou no portal PureWow as suas inquietações.
Tudo começou por causa desta publicação no Twitter, que já tem alguns meses:
My wife makes us put $5 in the “find jar” every time we make her find something we can’t locate in the house.
After 13 months of saving, today we are buying a Ford Explorer
— Michael James (@MikeJamesAuthor) October 17, 2022
Como se pode ler, o escritor Michael James contou que a sua esposa “obriga” o resto da família a colocar uma nota de 5 dólares num frasco, sempre que ela vai procurar algo que outra pessoa perdeu. E costuma encontrar, diríamos.
Estiveram durante praticamente um ano (13 meses) a fazer isso – e hoje, segundo Michael James, já têm dinheiro para comprar um carro.
Rachel Bowie sorriu ao ler isto mas ficou a pensar: de onde veio essa habilidade sobre-humana? Será que é apenas mais um reflexo de uma sociedade que está sempre a ensinar as mulheres a carregarem a carga mental?
Robyn Miller, famosa terapeuta familiar, acredita que o que está em causa é mesmo esta segunda questão: a mãe que procure.
E, como acha que não tem de ser a mãe a tratar de tudo lá em casa, a psicoterapeuta sugere que qualquer mãe deve utilizar uma frase, quando a filha ou o filho lhe diz que algo desapareceu e que precisa da sua ajuda.
A frase é simples: “Vamos pensar juntos”. Vamos tentar perceber, juntos, onde está o que perdeste.
Ao partilhar essa ideia, a mãe não se está a afastar do pedido de ajuda mas, ao mesmo tempo, está a convidar a criança – ou adolescente, ou adulto! – a fazer o trabalho mental com ela.
Os dois “puxam pela cabeça”. Os dois recuperam os passos que o filho deu, procuram juntos.
E, assim, a mãe encoraja o filho a fazer duas coisas: ser mais cuidadoso com as suas coisas e não esperar que os outros (ou seja, a mãe) fiquem sempre com a carga mental, o fardo de procurar as coisas.
Mesmo sendo criança ou adolescente, é sua a responsabilidade de saber onde estão as suas coisas. E de procurá-las, caso não saiba.
Robyn Miller acredita também que partilhar a carga mental passa por, entre outras coisas, haver um lugar para tudo lá em casa. E definir esse mapa juntos, em família; senão, lá está novamente a mãe a tratar de tudo.
E cansa.