O papa Francisco chegou esta sexta-feira à Mongólia para uma visita de quatro dias, a primeira de um papa ao país que tem uma das mais pequenas comunidades católicas do mundo — menos de 1%. Destacar a coexistência inter-religiosa é um dos objetivos da visita.
Ao chegar ao aeroporto da capital, Ulan Bator, pelas 10:00 (03:00 em Lisboa), Francisco, que surgiu numa cadeira de rodas, foi recebido pela ministra dos Negócios Estrangeiros mongol, Battsetseg Batmunkh, e por uma jovem que lhe ofereceu iogurte seco, costume típico do país.
A visita é inédita. Não é impressionante que esta seja a primeira visita de um líder da Igreja Católica ao país: em quase 3,5 milhões de habitantes, a Mongólia conta apenas com 1450 católicos. O país é maioritariamente budista e não-religioso, havendo também mais muçulmanos e seguidores do chamanismo mongol do que católicos.
Embora o cristianismo esteja presente na região há centenas de anos, a Igreja Católica só foi aceite na Mongólia em 1992, depois de o país ter abandonado uma aliança com a União Soviética e consagrado a liberdade religiosa na Constituição.
Após a chegada, Francisco e Battsetseg Batmunkh encontraram-se durante alguns minutos numa sala do aeroporto, antes do papa, de 86 anos, se recolher à residência do cardeal da Mongólia, o italiano Giorgio Marengo, para descansar do voo de nove horas e meia.
A cerimónia oficial de boas-vindas ao papa vai acontecer no sábado de manhã, altura em que Francisco se vai também encontrar com o Presidente da Mongólia, Ukhnaagiin Khürelsükh, e com o primeiro-ministro, Luvsannamsrain Oyun-Erdene.
À tarde, o papa vai reunir-se com cerca de 80 bispos, padres e missionários consagrados em toda a Mongólia, onde existem apenas nove paróquias, quatro delas na capital, onde se concentra 40% da população de um dos países mais despovoados do mundo.
No domingo, Francisco vai celebrar missa, numa arena de hóquei no gelo, para os quase 1.500 fiéis da Mongólia, 90% dos quais vivem na capital, mas aos quais se deverão juntar outros mil fiéis vindos de países vizinhos, incluindo da Rússia e da China.
A visita do papa à Mongólia acontece num momento em que as relações do Vaticano com os dois poderosos vizinhos, a Rússia e a China, estão novamente tensas.
Outro objetivo da visita de Francisco é destacar a longa tradição de coexistência inter-religiosa da Mongólia. O Império Mongol, sob o fundador Genghis Khan, era conhecido por tolerar pessoas de diferentes religiões entre os povos conquistados.
O papa irá presidir, no domingo, a um evento com representantes de budistas (a maioria na nação de 3,3 milhões de habitantes), judeus, muçulmanos, xintoístas e de igrejas cristãs que estabeleceram presença na Mongólia nos últimos 30 anos, incluindo a Igreja Ortodoxa Russa.
Na segunda-feira, último dia da viagem, Francisco vai inaugurar a Casa da Caridade, local para abrigar e ajudar os mais necessitados da Mongólia, que regista 36% da população a viver abaixo da linha da pobreza.
O voo com destino a Ulan Bator passou pelo espaço aéreo da China, dando a Francisco uma rara oportunidade de enviar uma nota de saudações ao Presidente chinês, Xi Jinping. O protocolo do Vaticano exige que o papa envie tais saudações sempre que sobrevoe um país estrangeiro.
ZAP // Lusa