Teresa Suarez / EPA

Macron e Starmer têm outro problema nas mãos: decidir em conjunto sobre o que fazer aos ativos russos apreendidos em 2022. E os seus planos são bastante divergentes.
Um dia depois do primeiro-ministro britânico Keir Starmer ter-se aliado ao presidente francês Emmanuel Macron para tentar um acordo de cessar-fogo de um mês na Ucrânia, as tensões entre os dois países já se revelaram.
Em causa está uma proposta britânica de longa data: confiscar 350 mil milhões de dólares de ativos russos congelados e oferecê-los aos EUA para a compra de equipamento de defesa.
Depois da invasão russa à Ucrânia, os Estados Unidos e os seus aliados proibiram as transações com o banco central e o Ministério das Finanças da Rússia, bloqueando cerca de 350 mil milhões de dólares (334 mil milhões de euros) de ativos soberanos russos, explica a Reuters.
Agora, os britânicos, apoiados pela República Checa, a Estónia e a Polónia, pretendem confiscar esse dinheiro e entregá-lo aos norte-americanos, para que estes invistam em armamento e se aproximem da defesa da Europa.
De acordo com o Reino Unido, esta entrega de ativos aos EUA pode alterar a política externa de Donald Trump em relação à ajuda militar enviada À Europa. Por outro lado, quem discorda da medida acredita na necessidade de construção de uma indústria de defesa europeia independente dos EUA.
Problema: Macron discorda, por acreditar que esta medida possa violar o princípio da imunidade dos ativos soberanos. Segundo o chefe de Estado francês, isto pode dissuadir o investimento na zona euro por parte de países como a Arábia Saudita e a China.
“Temos 250 mil milhões de dólares de ativos russos congelados na Europa, mas não nos pertencem — por isso estão congelados. Se, no final do dia, nas negociações que tivermos com a Rússia, eles estiverem dispostos a dar-nos esse dinheiro, ótimo”, disse o presidente francês, citado pelo The Guardian.
O Reino Unido já se tinha comprometido a não devolver os ativos russos até que Putin pagasse reparações da guerra à Ucrânia.
Do lado de Macron está a Alemanha e o Banco Central Europeu, que também têm reticências em confiscar os ativos.
Os ativos russos congelados não devem ser devolvidos aos russos, nem dados aos americanos para comprar armamento,.
Deve ser investidos na compra de armamento fabricado na Europa.