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Fotos raras mostram tribo isolada na Amazónia que corre risco de desaparecer

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(dr) Guilherme Gnipper Trevisan/Hutukara

Casa comunitária da tribo Moxihatetema que vive isolada na floresta Amazónia.

Foram reveladas fotos únicas de uma tribo isolada em plena floresta Amazónia. Com uma população de cerca de cem pessoas, estes índios Moxihatetema, que nunca contactaram com forasteiros, estão ameaçados e correm o risco de desaparecer por completo.

As imagens aéreas foram captadas em Setembro passado, durante acções de supervisão de campos de mineiros ilegais, na floresta Amazónia, e foram divulgadas pela associação Survival International.

Pertencentes à tribo Moxihatetema, este grupo de índios isolados é um dos três do território indígena Yanomami, situado no norte do Brasil, perto da fronteira com a Venezuela, que não mantém contactos com forasteiros, aponta a associação.

A tribo não era vista há mais de um ano e as fotos são um bom sinal, porque ilustram que ainda resiste na Amazónia, mostrando uma casa comunitária que acolhe várias famílias.

Cada uma das secções quadradas que se veem acolhe uma família diferente com as suas redes para dormir, as suas reservas de comida e espaço para fazerem fogo.

(dr) Guilherme Gnipper Trevisan/Hutukara

Tribo Moxihatetema que vive isolada na floresta Amazónia.

Tribo Moxihatetema que vive isolada na floresta Amazónia.

A ameaça dos garimpeiros de ouro

O director da Survival International, Stephen Corry, destaca que “estas imagens extraordinárias” provam “a existência de ainda mais tribos isoladas” no mundo.

“Não são selvagens, mas sociedades contemporâneas e complexas cujos direitos têm que ser respeitados”, frisa, apontando que “todas as pessoas de tribos isoladas enfrentam a catástrofe a não ser que a sua terra seja protegida”.

“Sabemos que este grupo isolado está perigosamente próximo de mineiros de ouro ilegais e que a pequena equipa dedicada a proteger o território enfrenta severos cortes de orçamento”, salienta a directora de Campanha da Survival International, Fiona Watson, em declarações à FoxNews.

“Sem a adequada protecção, a exposição à violência ou doenças podem limpar por completo estas pessoas isoladas e altamente vulneráveis”, acrescenta.

O Território Indígena Yanomami foi criado, em 1992, como uma reserva de protecção das populações indígenas, mas a área é afectada pelo problema da exploração ilegal de minas de ouro. Estima-se que haja cerca de cinco mil garimpeiros na zona, o que aumenta as preocupações quanto à vida e preservação dos cerca de 22 mil Yanomami que lá vivem.

Os mineiros levaram para a zona doenças como a malária e poluíram as fontes de comida e de água dos Yanomami com mercúrio”, destaca a Survival International, denotando a “grave crise de saúde” que coloca em perigo estes nativos da Amazónia.

Também há relatos de episódios de violência contra os índios, como foi o caso do massacre de Haximu, em 1993, quando mineiros assassinaram 16 Yanomami e queimaram as suas casas comunitárias.

Temer fez cortes relevantes no orçamento

As autoridades brasileiras ainda não conseguiram resolver o problema da exploração ilegal de ouro e a Fundação Nacional Índia (FUNAI), que se dedica à preservação das culturas indígenas, debate-se com relevantes cortes orçamentais, decretados pelo presidente Michel Temer.

“O FUNAI fechou a sua base de campo nesta região, no ano passado, abandonando efectivamente os Moxihatetema“, destaca Fiona Wason, citada pelo The Guardian.

Crescem assim os receios de que esta e várias outras tribos possam desaparecer, colocando em causa também o futuro da própria floresta Amazónia que ficará mais exposta aos riscos da desflorestação.

SV, ZAP

2 Comments

  1. Quando vejo estas notícias pergunto-me sempre se eles não têm direito à saúde, educação, etc. Irrita-me esta coisa de “deixem-nos continuar como estavam para nós os vermos de helicópetro, eles estão muito melhor assim do que tendo os malefícios da sociedade (médicos, conhecimento, comida, etc.)

  2. MM, sabe por acaso o que pensam eles do direito à saúde, educação, etc? Quem somos nós, sociedade capitalista, industrializada, poluída, doente, analfabeta e violenta, para obrigar seja que povo for a viver sob as nossas leis, laicas ou religiosas subjugadas à formatação das construções sociais e dos parâmetros que consideramos “civilizados”? Tem estudado antropologia ultimamente? Ou história? Ou pelo menos, as “alegrias” que a dita civilização ocidental tem levado a estes povos? Quem lhe disse que não têm saúde, comida ou conhecimento? Só não têm saúde quando os presenteamos com malária, conjuntivites, sarampos e outras, só não têm comida quando lhes contaminados as águas, as árvores, os frutos e os animais. E não me parece que saberem a tabuada ou saber quem foi Nietzsche, Jesus, Camilo de Castelo Branco, ABBA, Picasso ou Buda os ajude a serem mais felizes no meio ambiente que habitam. O conhecimento que eles têm da Natureza é o que lhes permite sobreviver há uns quantos milhares de anos, o mesmo não se aplica aos povos ocidentalizados que nem uma galinha sabem como alimentar (ou pelo menos, grande parte deles) ou distinguir um cogumelo venenoso de uma trufa. E não estão lá para os apreciarmos, não. A maior parte destes povos tem conhecimento de outras sociedades que partilham o mesmo espaço mas preferem manter-se afastados. Lá terão as suas razões.

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