As formigas-touro desenvolveram uma técnica para causar dor persistente

As formigas-touro australianas desenvolveram uma molécula de veneno perfeitamente sintonizada para atingir um dos seus predadores – a equidna.

Para evitar que o seu principal predador, a equidna, atacasse os seus ninhos, as formigas-touro australianas criaram uma molécula de veneno perfeitamente adaptada para causar dor mais duradoura do que uma simples picada.

Segundo o Science Daily, Sam Robinson e David Eagles, do Instituto de Biociências Moleculares da Universidade de Queensland, na Austrália, encontraram um componente no veneno que aproveita uma hormona dos mamíferos.

“Os venenos são cocktails complexos. A formiga-touro contém moléculas semelhantes às das picadas das abelhas, que causam dor imediata, mas também encontramos uma nova e intrigante molécula“, explicou Robinson, co-autor do artigo científico publicado na revista PNAS.

Ao pesquisar bases de dados para sequências semelhantes de aminoácidos, o biólogo descobriu que a molécula correspondia à sequência de hormonas de mamíferos relacionadas com o fator de crescimento epidérmico (EGF).

Destes, o mais semelhante era o da equidna.

“Testámos a molécula de veneno nos recetores EGF de mamíferos e foi muito potente“, disse o especialista, acrescentando que, embora não cause dor direta, a molécula produz hipersensibilidade duradoura.

“Pode-se ver claramente no ADN da formiga que está a produzir uma molécula que imita uma hormona do seu inimigo natural e está a usá-la como arma contra ele”, resumiu Robinson.

Tornar a equidna sensível à dor de uma forma mais prolongada, e não apenas com o desconforto imediato de uma típica picada de abelha, pode dissuadir estes animais de regressar aos ninhos.

Este estudo pode inspirar novas formas de tratar dor a longo prazo. Atualmente, estão disponíveis no mercado medicamentos inibidores de EGF, sendo utilizados para retardar o crescimento de um tumor.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.