A instalação iraniana cujo “tamanho e configuração não são compatíveis com um programa pacífico”, como descrevia Obama, é um segredo bem guardado. Eis o que sabemos sobre ela.
Indestrutível, até face às maiores bombas. É assim que a CNN descreve o complexo nuclear de Fordow, no Irão. Situado dentro de uma montanha — ou melhor, de várias, ligadas por túneis —, o segredo para a sua defesa é a profundidade: a suas principais salas estarão localizadas a cerca de 80 a 90 metros abaixo do solo, o que o coloca fora do raio de alcance de qualquer bomba conhecida. Para além disso, Fordow conta com uma engenhosa proteção contra bombas.
“Fordow é, na verdade, um projeto que começou durante o que chamamos o programa nuclear acelerado dos anos 2000“, conta David Albright, presidente do Institute for Science and International Security (ISIS), uma instituição sediada em Washington dedicada à não-proliferação nuclear. “A ideia era que os iranianos produzissem urânio com grau militar nessa instalação, utilizando urânio pouco enriquecido proveniente do programa civil nuclear iraniano”.
O ex-presidente norte-americano Barack Obama descreveu esta instalação como tendo um “tamanho e a configuração que não são compatíveis com um programa pacífico”.
Depois de, na sexta feira, Israel atacar o Irão tendo como alvo as suas instalações nucleares, houve já relatos de explosões perto desta região iraniana. Mas, por agora, a destruição desta central nuclear está longe de se concretizar sem a ajuda dos EUA.
A única bomba que pode destruir Fordow
De acordo com a BBC, só existe uma bomba no mundo capaz de destruir este enorme complexo — a Massive Ordnance Penetrator (MOP, também conhecida por GBU-57), uma bomba de 13.600 kg.
O problema para Israel é que este país não tem a artilharia necessária para disparar uma carga destas. Só os bombardeiros furtivos B-2 da Força Aérea dos EUA chegam perto da profundidade necessária para alcançar a central. Assim, mesmo que Donald Trump forneça esta bomba a Israel, Benjamin Netanyahu não tem capacidade para a detonar sozinho.
“Mesmo a GBU-57/B provavelmente exigiria múltiplos impactos no mesmo ponto para ter alguma hipótese de penetrar na instalação”, conclui um relatório da Royal United Services Institute (RUSI).
EUA podem juntar-se a Israel
J.D. Vance, o vice-presidente dos EUA, escreveu no X esta terça feira que os EUA só usariam as suas forças armadas para atingir objetivos do seu próprio interesse. Trump “poderá decidir que é necessário agir mais para pôr fim ao enriquecimento iraniano. Essa decisão cabe, em última instância, ao presidente”, afirmou Vance.
Trump também apelou esta terça feira à “rendição incondicional” do Irão, e tem-se posicionado ao lado de Israel. Afirmou ainda que os EUA têm agora o “controlo total e completo dos céus do Irão“.
Sob um ataque iminente dos EUA, os olhos estão postos em Fordow. Desde o início do conflito armado entre Israel e o Irão, na sexta feira, já morreram 35 mulheres e 10 crianças. Há cerca 1800 feridos.
Guerra no Médio Oriente
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Fordow. Complexo nuclear iraniano fica dentro de montanhas — e é quase impossível de destruir