As Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas assumiram “completamente” o controlo da vila de Palma, disse, este domingo, o porta-voz do Teatro Operacional Norte.
Palma “está completamente [tomada pelas Forças de Defesa e Segurança]. Hoje mesmo concluímos a clarificação da única área que ainda faltava clarificar [limpeza], fizemos isto esta manhã e está totalmente segura“, afirmou Chongo Vidigal, falando a partir da vila.
A “área sensível” entretanto libertada é o aeródromo da vila e a segurança já foi restaurada, acrescentou o porta-voz do Teatro Operacional Norte. O próximo passo, prosseguiu, será a criação de condições para um regresso seguro da população, obrigada a fugir na sequência dos ataques de 24 de março.
“É uma fase crítica, porque precisa de muita acutilância, muita atenção e muita ponderação por parte das Forças de Defesa e Segurança, no sentido de ir recebendo esta população, mas também fazendo a profilaxia [a prevenção da infiltração de grupos armados], para que não voltem a causar problemas”, acrescentou o brigadeiro.
O governador da província de Cabo Delgado, onde se situa Palma, Valige Tauabo, assegurou aos jornalistas que “o inimigo foi derrubado”, devendo ser garantido o regresso seguro dos deslocados.
“A nossa presença é por sabermos que as Forças de Defesa e Segurança se entregaram à causa da pátria. O trabalho que foi feito fez com que o inimigo fosse derrubado“, declarou aos jornalistas, em Palma.
Entretanto, o canal televisivo Sky News recebeu imagens inéditas que mostram a dimensão do ataque, nas quais se pode ver, por exemplo, pessoas ao lado de mensagens, como “Help” e “SOS”, feitas com lençóis e pedras.
À estação britânica, um analista de segurança, que não quis ser identificado, afirmou que “o exército de Moçambique foi apanhado completamente desprevenido” e que os militantes “foram atacados por dentro”.
“Eles não sabiam para que lado se virar, alguns simplesmente abandonaram as suas posições e correram”, disse ainda.
O ataque provocou dezenas de mortos, entre eles o empresário britânico Philip Mawer. Segundo a Sky News, teme-se que este tenha sido apenas o primeiro de uma invasão maior que se está a espalhar pelo norte do país.
A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há uma semana, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, que está a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projetos de gás natural.
Os ataques obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.
ZAP // Lusa
Massacre em Palma
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5 Abril, 2021 “O inimigo foi derrubado”. Forças governamentais dizem já controlar “completamente” Palma