Crise na Defesa: Força Aérea tem quase metade dos pilotos que devia ter

FAP - Força Aérea Portuguesa

Caças Lockheed Martin F-16 da Força Aérea Portugesa

Há 181 pilotos aviadores em falta na Força Aérea. Os salários baixos serão o principal (des)incentivo para profissionais optarem por outros “voos”.

A Força Aérea Portuguesa (FAP) está a passar por uma crise de pilotos.

Em condições normais, devia haver 434 pilotos aviadores no quadro orgânico; mas, atualmente, só há 253 profissionais – um número que corresponde a apenas 58% do previsto.

De acordo com o Correio da Manhã, nos últimos dez anos, saíram da FAP, pelo menos, 60 pilotos, “na esmagadora maioria para trabalhar na aviação civil, onde em média recebem o triplo do ordenado”.

2023 está a ser o segundo pior ano do período supramencionado. O número de aviadores que abandonaram a FAP já vai em dez.

Faltam, neste momento, 181 pilotos, mas, mesmo dos que ficam, nem todos voam – há os que ocupam apenas “cargos relacionados com a administração superior da Força Aérea e em organismos externos”, refere a Força Aérea, citada pelo CM.

A FAP refere que, atualmente, tem tripulações em qualificação e garante estar a planear “cuidadosamente as necessidades de pessoal, conduzindo as ações de recrutamento para esse objetivo e considerando as previsões de saída de pessoal por abate ao quadro em linha com os pedidos dos últimos anos”:

Pilotos desvalorizados; país penalizado

A Força Aérea refere que as saídas, penalizam não só a FAP – internamente – como também o país.

De acordo com o CM, todos os pilotos aviadores que, desde 2013, “solicitaram abate ao quadro”, cumpriram o tempo de serviço mínimo; e, desse modo, não tiveram de indemnizar o ramo.

Ou seja, Portugal investe na formação dos pilotos, mas depois parece não saber valorizá-los e acaba por sair penalizado.

No mês passado, num memorando à ministra da Defesa, a FAP alertou que um capitão piloto aviador no segundo escalão recebe um salário de 2.516,61€ brutos – o que é visto como um “desincentivo”, quando comparados com as ofertas da aviação civil recebidas “lá fora” – que podem chegar a três vezes mais.

Miguel Esteves, ZAP //

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