‘Football’s coming home’ ou ‘COVID’s coming home’?

Há festa em Inglaterra, por causa da final do Euro 2020, mas há também uma nova vaga de casos de coronavírus: “Se desbloqueamos socialmente…vamos mesmo ter um novo pico”.

Quando o grupo The Lightning Seeds se juntou aos humoristas David Baddiel e Frank Skinner, nunca pensou que, 25 anos depois, milhares ou milhões de ingleses ainda estariam a cantar isto:

O problema é que a expressão ‘Football’s coming home’ corre o risco de se transformar em ‘COVID’s coming home’. Ou seja, não é só o futebol que está a voltar para casa (para Inglaterra), mas a COVID-19 também está a afetar muito essa “casa”.

O aviso é deixado num artigo da agência Reuters, que lembra que tem havido festa em Inglaterra, nomeadamente em Londres, onde se situa o Estádio Wembley – que foi o palco de quase todos os jogos da seleção inglesa no Euro 2020 e também recebeu as meias-finais e vai ser o palco da final, entre Itália e Inglaterra.

Foram 60 mil pessoas dentro do estádio em cada jogo, dificilmente se via alguém com máscara e, seja dentro ou fora do recinto, os contactos entre os adeptos têm sido normais, como se não houvesse um vírus a afetar o planeta. Os ingleses juntam-se nos bares, nos pubs, e são um retrato de um país que não festeja um título internacional de futebol há 55 anos e que vive (tal como os outros) sob muitas restrições há quase um ano e meio.

Os jogos no Wembley estão a funcionar como eventos-teste para um número elevado de espectadores – e todos têm de apresentar um teste negativo à COVID-19, ou têm de estar vacinados. “Os estádios estão a ser bem geridos mas temos uma nação inteira a celebrar e isso é assustador“, avisou Keith Still, professor universiário.

No entanto, a Inglaterra atravessa uma nova vaga do coronavírus, sobretudo entre adultos jovens e masculinos. O número de casos positivos quadruplicou em junho e a probabilidade de encontrar uma mulher infetada foi 30% mais baixa do que encontrar um homem infetado.

“Se desbloqueamos socialmente…vamos mesmo ter um novo pico”, acrescentou o imunologista Denis Kinane.

Nesta quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lembrou os números na Europa: após 10 semanas de queda no número de infetados pelo novo coronavírus, a tendência agora é de crescimento (10% só na última semana).

“Temos de olhar para além da questão dos estádios. Temos de olhar para a forma como os adeptos chegam aos estádios: estão a viajar em inúmeros autocarros cheios? E, quando deixam os estádios, vão para bares e pubs para ver outros jogos?”, perguntou a diretora da OMS, Catherine Smallwood.

Nuno Teixeira, ZAP //

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