A fonte da juventude pode estar literalmente debaixo de água

Eric A. Lazo-Wasem / Wikimedia

Hydractinia symbiolongicarpus

A regeneração sempre foi um fenómeno fascinante, e os cientistas há muito que procuram compreender os seus segredos.

Embora os seres humanos tenham capacidades regenerativas limitadas em comparação com certos animais, um estudo recente sugere que uma criatura aquática chamada Hydractinia symbiolongicarpus poderá ser a chave para desvendar os mistérios da regeneração.

Uma equipa de investigadores levou a cabo o estudo sobre a Hydractinia, uma pequena criatura marinha em forma de tubo que mais parece um cruzamento entre uma minhoca e uma anémona-do-mar.

Os cientistas descobriram que, quando a Hydractinia precisa de regenerar uma parte do seu corpo, ativa as células saudáveis à volta, utilizando células envelhecidas (senescentes) para se transformarem em células estaminais.

A senescência, o processo em que as células envelhecem e perdem a sua capacidade de crescimento e divisão, é normalmente considerada prejudicial nos seres humanos. As células senescentes tendem a libertar substâncias químicas inflamatórias associadas a doenças relacionadas com a idade, como Alzheimer, artrite e cancro.

No entanto, na Hydractinia, as células senescentes desempenham um papel crucial na regeneração. Os investigadores descobriram que a Hydractinia armazena as suas células estaminais no seu tronco. Mesmo quando a boca do animal, localizada longe do tronco, foi amputada, ele ainda foi capaz de regenerar um novo corpo.

Ao examinar os genomas das células próximas do local da amputação, os investigadores identificaram três genes relacionados com a senescência. Um deles, chamado Cdki1, era particularmente importante para a regeneração. Quando este gene foi eliminado, a Hydractinia não conseguiu produzir células senescentes, explica o site Inverse.

Uma vez que os seres humanos, a Hydractinia e os seus parentes próximos, como as medusas, partilharam um antepassado comum há mais de 600 milhões de anos, é possível que a senescência funcione como um mecanismo antigo que dá instruções às células próximas de uma lesão para se prepararem para a regeneração.

Andy Baxevanis, coautor do estudo, expressou a importância de estudar parentes animais distantes para desvendar os segredos da regeneração e do envelhecimento na procura pela fonte da juventude. A compreensão destes processos poderá ter implicações significativas na medicina regenerativa e no estudo das doenças relacionadas com a idade.

Os resultados do estudo foram publicados esta sexta-feira na revista científica Cell Reports.

ZAP //

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