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“Noite de terror” na Madeira. Todos os meios contra três frentes ativas (e o fogo é caso político)

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Homem de Gouveia / LUSA

O incêndio que teve origem na Serra de Água, concelho da Ribeira Brava na quarta feira pela manhã, contínua ativo e em progressão trilhando maioritariamente o maciço central da ilha estando de momento a ocupar partes da freguesia do Jardim da Serra, no concelho de Câmara de Lobos.

Fogo aproximou-se das habitações e aldeias tiveram de ser evacuadas. Presidente do Governo Regional, que terá dito não ser necessária a ajuda do continente, aceitou-a duas horas depois.

Já passaram quatro dias desde que o fogo começou a lavrar a Ribeira Brava, mas o incêndio na ilha da Madeira ainda não deu tréguas.

O incêndio alastrou-se na quinta-feira para o município vizinho de Câmara de Lobos e na manhã deste domingo estão no terreno todos os meios regionais disponíveis a combater as chamas, aos quais já se juntaram 76 operacionais enviados pelo Governo de Lisboa (21 da força especial de bombeiros e 15 voluntários, 25 elementos da Proteção Civil e 15 militares da GNR, de acordo com a SIC Notícias).

Na madrugada deste domingo, o fogo aproximou-se das habitações e houve aldeias que tiveram de ser evacuadas e os seus habitantes levados para um pavilhão localizado na Ribeira Brava.

Segundo o último ponto de situação, há três frentes ativas: Jardim da Serra, Encumeada e Curral das Freiras, cujo acesso difícil tem dificultado as operações de combate. “Foi uma noite de terror”, disse um morador de Curral das Freiras à RTP.

O Plano Regional de Emergência de Proteção Civil foi ativado em Câmara de Lobos.

Vento condiciona aeroporto

O vento continua a condicionar, desde sábado, o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.

A informação disponibilizada indica que às 10:00 haviam 10 voos provenientes de Porto Santo, Lisboa, Porto, Varsóvia, Grã Canária e Berlim. Outras duas aeronaves oriundas de Lisboa e Roma divergiram para outros aeroportos.

A situação também afeta as correspondentes partidas e muitas centenas de passageiros, tanto residentes como turistas.

Todas as regiões da Madeira são as únicas do país a estar sob aviso laranja do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para tempo quente, e que é amarelo para a ilha do Porto Santo.

Afinal, Albuquerque rejeitou ajuda ou não?

Miguel Albuquerque tem sido criticado, dentro e fora do governo.

Poucas horas depois de dizer que os meios no terreno eram suficientes, o presidente do governo regional aceitou ajuda da República.

O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.

“Já ontem [sexta-feira] tinha combinado com o Governo […] para mandar a força”, afirmou Albuquerque, no sábado à noite.

No sábado, às 13:00, o secretário regional da Proteção Civil, Pedro Ramos, reiterava, em declarações aos jornalistas, não ser necessária a ajuda do continente, apontando que a região não tinha esgotado a capacidade operacional.

Cerca de duas horas depois, a Proteção Civil Regional anunciou que a região ia receber elementos da Força Operacional Conjunta da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Numa publicação nas redes sociais, Manuel António Correia escreve que o que tem visto no combate ao fogo na Madeira é “repentismo, desorganização e falta de sentido de Estado”. É “fundamental que o Governo Regional dê mostras de organização, sentido de responsabilidade e a sobriedade própria de quem tem grandes responsabilidades”, escreveu.

o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, tinha este sábado classificado como “incompreensível e irresponsável” a decisão do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, de rejeitar o apoio da República para o combate aos incêndios na ilha.

Albuquerque considerou que as críticas de não ter aceitado de imediato a ajuda do continente partiram de “falhados políticos que se aproveitam desta situação”.

“Nós, neste momento, temos todas as forças no terreno, temos os homens, todos os veículos e a tecnologia adequada”, assegurou o governante.

O presidente do Governo Regional realçou que os focos de incêndio estão a ser acompanhados pelos ‘drones‘ do Serviço Regional de Proteção Civil, notando que esta tecnologia dá “uma grande ajuda”.

Albuquerque referiu que caso o vento continue orientado para norte, poderá ser possível “ter uma noite mais calma em termos de eficácia do combate”. “Se houver variação, temos de intervir, nada está solucionado neste momento. Não há nenhuma solução, tudo depende da evolução das condições meteorológicas”, salientou.

O que posso dizer é que estamos preparados, não é o primeiro incêndio que temos, é recorrente esta situação do fogo posto, não se consegue controlar”, reforçou.

Marcelo “preocupado”

“O representante da República tem informado em permanência Sua Excelência o Presidente da República, que tem transmitido a sua grande preocupação e solidariedade“, lê-se numa nota distribuída pelo gabinete do juiz conselheiro Ireneu Barreto.

O representante informa que tem “acompanhado de forma constante a evolução dos incêndios que afetam a região desde o dia 14”, acrescenta.

Ireneu Barreto tem recebido informações do Governo Regional, do Serviço de Proteção Civil e do general comandante Operacional da Madeira, menciona.

Este responsável expressa ainda solidariedade com a população que está a ser afetada pelos incêndios e reconhece o trabalho dos bombeiros, autarcas e elemento da proteção civil que estão empenhados no combate ao fogo.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Sr.º Presidente do Governo Regional da Região Autónoma da Madeira, Miguel Albuquerque, peça o apoio da Federação Rússia (FR) para que envie os seus aviões Beriev Be-200, é a única hipótese para conseguir debelar os fogos; o Interesse Nacional e a Região Autónoma da Madeira assim o justificam, não tenha medo.

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