As árvores e as florestas tal como as conhecemos terão surgido na Terra muito mais cedo do que se julgava, concluiu uma equipa de investigadores liderada pela Universidade de Binghamton, Nova Iorque.
Ao estudarem solos fósseis na região de Catskill, uma zona perto da cidade de Cairo, em Nova Iorque, a equipa descobriu um extenso sistema radicular de árvores com 385 milhões de anos, que existiam durante o Período Devoniano.
Embora as plantas com sementes não tivessem aparecido até dez milhões de anos mais tarde, esses sistemas radiculares preservados mostram que havia já árvores como as que existem atualmente.
A descoberta foi publicada, esta quinta-feira, na revista Current Biology e torna-se a primeira prova de que a transição para as florestas modernas na Terra começou antes do que inicialmente se pensava.
“O período Devoniano representa um tempo em que a primeira floresta apareceu no planeta Terra”, disse o autor principal da investigação agora publicada, William Stein, professor emérito de Ciências Biológicas na Universidade de Binghamton.
Stein acrescentou que os efeitos foram de uma “magnitude de primeira grandeza, em termos de mudanças nos ecossistemas, afetando o que aconteceu na superfície da Terra e nos oceanos, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera e o clima global. Muitas mudanças dramáticas aconteceram nessa altura como resultado dessas florestas originais pelo que, basicamente, o mundo não voltou a ser o mesmo”.
A equipa já tinha trabalhado na região de Catskill em 2012, descobrindo o que chamou de “indícios de pegadas” da floresta fóssil em Gilboa, durante muito tempo considerada a floresta mais antiga da Terra. A descoberta agora revelada, a 40 minutos de carro do lugar original, mostra uma floresta ainda mais antiga e muito diferente.
E mostra também três sistemas radiculares únicos, levando os investigadores a sugerir que, como hoje, as florestas do Período Devoniano eram também heterogéneas, com diferentes árvores ocupando diferentes espaços, dependendo das condições locais.
Os investigadores identificaram um sistema de enraizamento que acreditam pertencer a uma espécie de palmeira, e de outra árvore, do género Archaeopteris, que partilha várias características de árvores de sementes, ainda que provavelmente libertasse esporos e não sementes. Foi encontrado ainda um terceiro sistema radicular que terá pertencido a uma árvore do período Carbonífero.
// Lusa