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Fisiólogos destroem um dos maiores mitos sobre a gravidez

Os fisiólogos pensaram durante bastante tempo que o útero de uma mulher era um órgão normalmente livre de toda a flora bacteriana. Acreditava-se, assim, que os bebés tinham o primeiro contacto com micróbios durante o parto.

Contudo, repetidas análises genómicas ao líquido amniótico, à placenta e até às primeiras fezes de bebés recém-nascidos (conhecidas como mecónio) sugeriram exatamente o contrário. Um grupo de investigadores resumiu os dados dessas provas múltiplas, repetiu algumas condições de esterilidade e sintetizou as suas conclusões num artigo publicado na revista Frontiers in Microbiology.

O trabalho revelou que os rastros dos genes de uma variedade de micróbios estavam sempre presentes nas amostras. Entre os ADN’s identificados, destacam-se as bactérias típicas da pele, como Propionibacterium acnes e Staphylococcus, e outras do mecónio, como Pelomonas puraquae. Neste último, a microbiota variou entre os recém-nascidos.

“No entanto, alguns argumentam que os resultados são falsos positivos: contaminantes nos reagentes usados na análise de ADN”, admitiu a investigadora Lisa Stinson, da Universidade da Austrália Ocidental, em comunicado divulgado pela instituição.

Para descartar essa crítica e garantir que não houvesse genomas perdidos escondidos entre os reagentes, os cientistas aplicaram medidas extraordinárias de limpeza e usaram uma enzima capaz de destruir qualquer ADN nos produtos químicos.

O material descoberto pela equipa após este processo foram genomas de bactérias e não de células funcionais, por isso os autores reconhecem a possibilidade de que estes achados possam ser restos de organismos invasores destruídos pelo sistema imunológico.

Se estudos posteriores confirmarem que são microrganismos vivos e intactos, ficará claro que “os micróbios poderiam realmente moldar o nosso desenvolvimento a partir de alguns dos primeiros momentos da vida”, disse Stinson.

Nenhuma das mulheres que participaram do estudo nem os seus bebés apresentavam sinais de infeção. De facto, o microbioma fetal pode revelar-se um regulador benéfico do desenvolvimento inicial. “Descobrimos que os níveis de imunomoduladores importantes no mecónio e mediadores inflamatórios no líquido amniótico variaram de acordo com a quantidade e as espécies de ADN bacteriano presentes”, rematou Stinson.

ZAP //

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