Físicos captam pela primeira vez uma estranha “borboleta” fractal

Yazdani Lab, Universidade de Princeton

Um padrão fractal, feito de um raro alinhamento de campos magnéticos, foi previsto pela primeira vez há 50 anos, mas só agora pôde ser captado.

O cientista informático Douglas Hofstadter previu nos anos 70 que, quando certos cristais bidimensionais eram colocados em campos magnéticos, os níveis de energia dos seus eletrões produziam um estranho padrão que parecia o mesmo, independentemente da distância a que se fizesse zoom, conhecido como fractal, conta a New Scientist.

Em 2013, foi possível detetar um indício de um  fractal numa folha plana de nitreto de boro, um material semelhante ao grafeno.

Os padrões repetitivos que formam esta incrível “borboleta” surgem quando duas camadas de grafeno, uma sobreposta a outra, atingem um “ângulo mágico”.

Este alinhamento pode até originar propriedades raras, como a supercondutividade, mass os fortes campos magnéticos distorcem os eletrões do grafeno, tornando-os impossíveis de medir em pormenor com um microscópio eletrónico. Até agora.

Num novo estudo publicado na Nature, Ali Yazdani, da Universidade de Princeton, e os seus colegas mediram a agora chamada de borboleta de Hofstadter em pormenor pela primeira vez, utilizando duas camadas de grafeno.

“O facto de podermos ir para estes campos magnéticos muito baixos e fazer esta experiência foi um ponto de rebuçado que as pessoas não tinham previsto antes”, explica Yazdani.

“É uma boa história que mostra o poder de previsão que temos”, diz Johannes Lischner, investigador do Imperial College de Londres. “Compreendemos realmente as leis fundamentais dos eletrões, de tal forma que podemos fazer uma previsão e, mesmo que sejam necessários 50 anos para a verificar, no fim sai como previsto”.

E até o próprio “pai” destes fractais, Douglas Hofstadter, está “muito satisfeito” com os novos desenvolvimentos: “Deixei a física há cerca de 50 anos e, por isso, não posso fazer nenhum juízo profissional sobre ela. Escusado será dizer que fico sempre satisfeito quando há confirmações empíricas da estrutura que previ em 1976.”

ZAP //

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