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Martinho traz chuva, trovoada, granizo e vento “muito forte”. Meteorologista diz que a Martinho é “só mais uma” e que tempestades do género devem “continuar a ocorrer durante os próximos dois meses”.
Portugal continental começa a sentir, a partir do final do dia desta quarta-feira, o verdadeiro poder da Tempestade Martinho: traz chuva, trovoada, granizo e vento “muito forte”. O período crítico da tempestade será durante a noite desta quarta-feira.
“Se possível, fiquem em casa e respeitem os avisos da Proteção Civil”, pediu aos portugueses esta quarta-feira a ministra da Administração Interna perante a chegada da tempestade.
“Leiria, Lisboa e Sul são as áreas que estão com mais intempéries”, sublinha Margarida Blasco. Os meios operacionais já foram reforçados nos pontos mais críticos de Centro e Sul do país.
Efeito Fujiwhara piora a Martinho
A tempestade Martinho prepara-se para trazer ventos superiores a 130 km/h e precipitação intensa. Vai ser agravada pelo efeito Fujiwhara, um fenómeno meteorológico raro que ocorre quando dois sistemas ciclónicos interagem, podendo orbitar um ao outro e, em alguns casos, fundirem-se ou alterar as suas trajetórias, explica o portal Tempo.
O efeito, descrito pelo meteorologista japonês Sakuhei Fujiwhara entre 1921 e 1923, é mais comum em ciclones tropicais, mas também pode afetar ciclones extratropicais, como é o caso da tempestade Martinho, que teve origem perto da Gronelândia, deslocando-se para o Atlântico Norte, onde encontrou condições favoráveis para o desenvolvimento de depressões secundárias.
Nos próximos dias, prevê-se a coexistência de até três centros de baixa pressão na costa oeste da Península Ibérica, com a Martinho a absorver algumas destas formações, trazendo… mais mau tempo.
A precipitação será persistente, e as rajadas fortíssimas já se fazem sentir nas zonas montanhosas. No Sul, a chuva poderá ser intensa, mas de curta duração, acompanhada por trovoadas e eventual queda de granizo. A forte interação das depressões em altitude pode ainda dar origem a trovoadas.
Quase 300 ocorrências, nomeadamente queda de árvores e estruturas, foram relatadas até às 16h00 desta quarta-feira, revela a Proteção Civil à Antena 1, nomeadamente em Grande Lisboa, onde se registaram 121 ocorrências.
Em Sintra, o mau tempo forçou o encerramento ao público da maioria dos monumentos esta quarta-feira.
Martinho “é só mais uma”: vão ser dois meses disto
No sábado, espera-se que a tempestade Martinho se desloque para latitudes mais altas, afastando-se do país. A partir de domingo, prevê-se uma estabilização do tempo com a chegada de um anticiclone. Mas a Depressão Martinho “é apenas mais uma”.
“Este tipo de tempestades tende a ser mais frequente, ou seja, é algo que nós conseguimos ver de alguma forma nos modelos que nos indicam as projeções até meados deste século, os modelos são muito concordantes no sentido que a frequência e a intensidade deste tipo de fenómenos pode aumentar”, diz à CNN o meteorologista Pedro Garrett: as depressões “vão continuar a ocorrer durante os próximos dois meses, à partida”.