Os administradores hospitalares defendem que o financiamento vindo do Orçamento do Estado deve depender dos resultados clínicos e da experiência do paciente.
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) entende que é urgente mudar a forma como são financiados os hospitais públicos. Desta forma, a associação pretende apostar nos resultados e na qualidade dos serviços, em vez de apostar na quantidade de procedimentos realizados – análises, consultas ou exames.
Esta é uma das dez propostas da Associação, numa iniciativa denominada 3F – Financiamento Fórmula para o Futuro, depois de ouvir 23 especialistas em financiamento da saúde. As recomendações vão ser apresentadas esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Mas há outras medidas em cima da mesa, como reforçar os cuidados de saúde primários, ligar melhor os cuidados de saúde primários aos cuidados de saúde secundários e aos cuidados continuados e promover a participação das pessoas no sistema de saúde, avança a TSF.
O jornal Público dá conta de que, além das recomendações, o projeto deu também origem a uma lista de 90 iniciativas que as unidades de saúde podem levar a cabo e que já serviram de mote a dois projetos-piloto que pretendem testar novas formas de financiamento e de melhorar a ligação entre todos os níveis de cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Um desses projetos chama-se Farol e é desenvolvido pelo IPO do Porto. Passa pela medição dos custos de tratamento do cancro do pulmão e o objetivo é conhecer os custos globais desta doença, e não apenas os custos com as cirurgias.
O outro projeto-piloto – o Polaris – está a ser desenvolvido no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro e baseia-se em “receber financiamento de acordo com a população servida, podendo haver transferência de e para outra unidade de saúde, se esse for o local certo para tratar aquele doente”, com a respetiva transferência do financiamento.
O relatório conclui que o “atual modelo de financiamento em Portugal não incentiva a integração de cuidados, os resultados em saúde e o investimento, nem está alinhado com as necessidades crescentes e distintas da população”.
Por esse motivo, é “urgente repensar o modelo de organização do sistema“, desviando-se a atenção da prestação de cuidados e focando-se na promoção da saúde e prevenção da doença através da integração de cuidados.
Alexandre Lourenço, presidente da associação que representa os administradores hospitalares, diz que não faz sentido que o Estado continue a pagar aos hospitais conforme o volume de cuidados prestados.
“São recomendações feitas para todo o universo do SNS, não só para o Governo. O nosso objetivo é influenciar todas as forças políticas. Queríamos dentro do setor da saúde encontrar caminhos para a alocação de recursos, para reduzir o desperdício e procurar novas formas de prestação de cuidados. Isso não é possível sem inovar”, refere.