Fim da sanita a céu aberto. Se quer escalar o Evereste, tem de voltar com o seu cocó

Mariusz Potocki/National Geographic

Expedição da National Geographic ao Monte Evereste

Cada vez mais fedorento e poluído, o pico mais alto do mundo tem novas regras para os alpinistas: em vez de defecarem a céu aberto, têm de trazer de volta as suas fezes em sacos especiais.

As maiores altitudes do Monte Evereste, o pico mais alto do planeta, têm sido tratadas pelos alpinistas como uma autêntica sanita a céu aberto: entre o campo base e o famoso cume, estão dispersas cerca de três toneladas de fezes humanas.

Tudo piorou com o aumento do número de alpinistas na montanha. Se na base, que fica a uma altitude de 5,36 quilómetros, as casas de banho recolhem os resíduos humanos em barris, o mesmo não acontece à medida que se vai subindo a montanha.

Com recursos cada vez mais escassos, à medida que os alpinistas ascendem, muitos deixam os seus resíduos para trás. O acampamento da colada sul, o último antes do pico do cume, tem sido particularmente afetado, com milhões de fezes humanas visivelmente dispersas pela área.

Além do cheiro nauseabundo relatado nas montanhas nepalesas, a acumulação das fezes está a provocar uma crise ambiental e de saúde, uma vez que a neve derretida pode transportar contaminantes para as fontes de água, utilizadas pelos alpinistas e pelas comunidades locais.

Agora, as autoridades encontraram uma solução: obrigar os alpinistas a transportar os seus excrementos de volta em sacos de cocó especialmente desenhados para combater o problema, disse à BBC o porta-voz do município local.

O município e o Comité de Controlo da Poluição de Sagarmatha (SPCC) introduziram sacos que contêm químicos e pós capazes de solidificar os resíduos e neutralizar os odores, facilitando o transporte do cocó de volta à base para uma eliminação mais amiga do ambiente.

Utilizados com sucesso em montanhas na América do Norte e na Antártida, estes sacos biodegradáveis são a nova tentativa de limpar o majestoso Monte Evereste, incluindo campanhas de limpeza anuais realizadas pelo Exército Nepali e campanhas de organizações não governamentais.

Em 2019, voluntários recolheram três toneladas de lixo no Monte. Parece muito, mas para trás… ficaram outras 30.

As fezes humanas não se decompõem em temperaturas abaixo de zero e dão origem a gases nocivos. O Projeto de Biogás do Monte Evereste pretendia transformar fezes humanas encontradas na montanha em gás metano – que poderia fornecer energia às aldeias locais.

Mundialmente conhecida como a montanha mais alta do mundo, o Evereste é também descrito como o “aterro mais alto do mundo”.

Embora estes esforços tenham removido com sucesso outras formas de resíduos, como tendas e equipamento de escalada, os resíduos humanos foram criando um monte em cima de um monte, tornando-se um problema persistente devido à falta de métodos adequados de eliminação em altas altitudes.

ZAP //

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