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Filósofo persa Avicena descreveu uma supernova há 1010 anos

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rafaelrobles / Flickr

O filósofo medieval persa Ibn Sina, conhecido pelo seu nome latinizado Avicena

O filósofo medieval persa Ibn Sina, conhecido pelo seu nome latinizado Avicena

Um pergaminho do filósofo persa medieval Ibn Sina, escrito no século XI, descreve observações de uma supernova – a que terá sido o evento estelar registado mais brilhante da história.

Um texto, recentemente descoberto, do cientista medieval Ibn Sina, conhecido pelo seu nome latinizado Avicena, foi estudado pela primeira vez por uma equipa de cientistas alemães.

A equipa de investigadores, liderada pelo professor Ralph Neuhaeuser, do Instituto de Astrofísica da Universidade de Jena, na Alemanha, publicou no início do mês os resultados do seu estudo.

Segundo os investigadores, o sábio descreve no seu texto observações de uma supernova, que terá ocorrido no ano 397 do calendário islâmico, calculado como 1006 D.C.

Avicena (980-1037 D.C.) foi um médico persa, considerado o mais famoso e influente filósofo e cientista medieval do mundo islâmico.

Os cientistas que estudaram o relato de Avicena acreditam que a obra foi escrita quando o filósofo se encontrava em território do actual Irão, Turcomenistão ou Uzbequistão – provavelmente, deste último.

O texto faz parte de um livro com o título de al-Shifa, um trabalho de Avicena sobre filosofia, física, astronomia e meteorologia.

O pergaminho descreve a aparência visual da supernova, a sua direcção e outros parâmetros do fenómeno estelar.

Ralph Neuhaeuser et al / U Jena

Detalhe do pergamnho de Avicena que descreve a supernova SN 1006

Detalhe do pergaminho de Avicena que descreve a supernova SN 1006

Avicena relata que o objecto “não tem cauda”, o que o distinguia dos objectos estelares mais comuns, como cometas com caudas.

A nova estrela “estava a ficar a cada vez menos brilhante antes de desaparecer”, e “tornou-se ainda menos brilhante e finalmente desapareceu”, escreve Avicena.

“No início dava a impressão de ser escura e verde, depois começou a lançar faíscas e tornou-se mais e mais branca”, continua o relato.

O texto em árabe de Avicena junta-se agora às diversas descrições históricas de supernovas que ajudam os cientistas na sua compreensão destes eventos celestes.

Smithsonian / Wikimedia

Imagem em raios-X da supernova SN 1006, captada pelo telescópio Chandra em setembro de 2008

Imagem em raios-X da supernova SN 1006, captada pelo telescópio Chandra em setembro de 2008

A obra adiciona nova informação sobre a SN 1006, supernova que também foi observada em 1006 D.C. no Iémene, em Marrocos, na China e no Japão.

A sua primeira aparição foi na constelação de Lupus, entre 30 de abril e 1 de maio. Terá sido observada também pelos povos do Egipto, Iraque, Suíça e possivelmente na América do Norte.

A supernova SN 1006, considerada o evento estelar registado mais brilhante da história, encontra-se a 7.200 anos-luz de distância da Terra.

ZAP

3 Comments

  1. À época os cometas não eram tidos como objectos estelares, mas sim como eflúvios que emanavam das entranhas da Terra.

  2. Ibn Sina nunca foi Árabe. Nem por sombras. Foi Persa, o que é uma coisa totalmente diferente. Os árabes são semitas, os Persas são indo europeus que obrigatoriamente tiveram de optar pela escrita árabe depois da invasão daqueles. Qualquer outro País sob o jugo Islâmico da altura o poderia fazer, tal como foi feito na Península Ibérica até ao reinado dos Reis Católicos. Qualquer informação destas está na Wikipédia. Há que ler, tomar conhecimento antes de escrever seja o que for.

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