Os jovens que contam a verdade estão associados a um maior crescimento psicológico no entendimento de si mesmo e uma melhor conexão com os pais.
Um estudo recente publicado na Journal of Adolescence investigou como e quando os adolescentes escondem informações dos pais.
Judith Smetana, professora de psicologia da Universidade de Rochester, juntamente com os estudantes de pós-graduação Sduduzo Mncwabe e Yuejiao Li, analisou as narrativas de 131 adolescentes e estudantes universitários sobre situações em que agiram contra a vontade dos pais.
Os participantes relataram três cenários: quando revelaram (total ou parcialmente), ocultaram ou mentiram sobre uma atividade desaprovada pelos pais. A equipa codificou as entrevistas narrativas quanto à voluntariedade, tempo, consistência e lições aprendidas. Uma parte da pesquisa abordou a suposição comum de que a divulgação é voluntária, descobrindo que nem sempre é esse o caso.
A pesquisa revelou que os adolescentes tendem a partilhar informações com os pais principalmente de forma voluntária (40%) ou estratégica (47%) — seja como meio para alcançar um fim ou antecipadamente, suspeitando que os pais descobrirão de qualquer maneira. Apenas 13% das revelações involuntárias foram identificadas, incluindo situações em que um amigo revelou informações acidentalmente ou os pais pressionaram pela verdade.
O momento é crucial: os adolescentes tendem a mentir (53%) antes do evento ou ação que os seus pais não aprovariam. No entanto, a verdade ou a divulgação da informação ocorreu mais frequentemente após se terem envolvido na atividade desaprovada (35% revelaram a atividade duvidosa logo depois, 8% mentiram por um tempo prolongado antes de confessar, e 23% disseram a verdade em algum momento não especificado).
Os adolescentes no estudo mostraram-se ágeis nas suas abordagens, empregando múltiplas estratégias em torno do mesmo evento. “A divulgação pode não ser a primeira coisa que fazem. Talvez tentem safar-se sem contar aos pais. Ou talvez ocultem primeiro e depois revelem. São realmente tons de cinza – geralmente não preto no branco”, diz Smetana.
Os participantes do estudo foram questionados sobre o que aprenderam com as suas experiências de divulgação e mentira. Nem todas as lições foram positivas, algumas a indicar “Sou um bom mentiroso!“.
No entanto, os investigadores descobriram que, independentemente da idade, contar a verdade (ou parte dela) voluntariamente estava associado a relatos de mudança positiva, como maior crescimento psicológico no entendimento de si mesmo, propósito, autoeficácia ou conexões com os outros e os pais. Experiências de contar a verdade continham mais motivos, intenções e desejos, em comparação com narrativas sobre ocultação ou mentira, explica o Medical Xpress.
Por outro lado, os adolescentes tiraram conclusões mais negativas ao recontar experiências de mentira, como visões mais negativas e menos clareza sobre si mesmos, emoções mais negativas ou autoimagem mais pobre. Além disso, revelar informações após — em vez de antes — o evento narrado estava associado a uma maior probabilidade de lições aprendidas sobre si mesmos.