Centenas de filamentos aparecem ao longo do plano galáctico, apontando para o buraco negro supermassivo central da Via Láctea.
Tiveram origem, provavelmente, há milhões de anos e foram descobertos agora.
Foram revelados centenas de filamentos descobertos ao longo do plano galáctico, apontando para o buraco negro supermassivo central da Via Láctea.
O estudo foi publicado na sexta-feira passada, no The Astrophysical Journal Letters.
A agência Europa Press enumera: são centenas de filamentos com longitude que varia entre os 5 e os 10 anos-luz.
A sua origem, há milhões de anos, estará relacionada com o momento em que o fluxo de saída do buraco negro interagiu com os materiais circundantes.
Farhad Yusef-Zadeh, da Universidade de Northwestern (EUA), já tinha descoberto enormes filamentos unidimensionais que estavam pendurados verticalmente perto de Sagitário A, o buraco negro supermassivo central da nossa galáxia.
Isto foi há 39 anos. Agora, o mesmo Farhad Yusef-Zadeh liderou a equipa que descobriu novos filamentos – mas estes são muito mais curtos e estão no plano horizontal ou radialmente, estendendo-se como os raios de uma roda do buraco negro.
Há diversas diferenças entre os dois conjuntos de filamentos.
A começar pela origem: estes horizontais terão tido origem num fluxo de actividade que ocorreu há milhões de anos e parecem ser o resultado de uma interação desse fluxo com objectos próximos
Os verticais varrem a galáxia e sobem até 150 anos-luz de altura; os horizontais, que se ficam pelos 5-10 anos luz de longitude, ocupam apenas um lado de Sagitário A e parecem pontos e traços do Código Morse.
Os filamentos verticais são perpendiculares ao plano galáctico; os horizontais são paralelos ao plano, mas apontam radialmente para o centro da galáxia, onde está localizado o buraco negro.
Os filamentos verticais são magnéticos e relativísticos; os horizontais parecem emitir radiação térmica.
Os filamentos verticais englobam partículas que se movem em velocidades próximas à da luz; os filamentos horizontais parecem acelerar o material térmico numa nuvem molecular.
Há muitas centenas de filamentos verticais e apenas algumas centenas de filamentos horizontais.
E foi uma “surpresa encontrar de repente novas estruturas que parecem estar a apontar em direcção ao buraco negro”, reagiu Yusef-Zadeh, em comunicado publicado pela universidade. “A verdade é que fiquei pasmado quando as vi”.
O líder do estudo explicou que ficou surpreendido porque sempre se habituou a filamentos verticais – que calcula que têm cerca de 6 milhões de anos.
“Tivemos que trabalhar muito para provar que não estávamos enganados. E descobrimos que estes filamentos não são aleatórios: parecem estar ligados ao fluxo de saída do nosso buraco negro”, reforçou o astrónomo.
Mas o próprio Farhad Yusef-Zadeh admite que esta descoberta está repleta de incógnitas, de mistérios.