O cocó não engana — e dá pistas sobre a dieta dos construtores de Stonehenge

Lisa-Marie Shillito

A presença de parasitas nas fezes fossilizadas encontradas no sítio de Durrington Walls indica que os construtores de Stonehenge se alimentavam de órgãos internos de animais pouco cozinhados ou crus.

As nossas fezes revelam muitos detalhes sobre as nossas dietas e hábitos alimentares. Um grupo de arqueólogos tem estudado o cocó das antigas civilizações, desde Jerusalém até à Grécia ou a Roma, para desvendar mais segredos.

Num estudo publicado na Parasitology, os cientistas concluíram que os parasitas intestinais eram comuns entre tantos os pobres como os ricos durante milhares de anos na Europa — e os construtores de Stonehenge não estavam isentos.

Na colónia perto da monumento, em Durrington Walls, onde os arqueólogos acreditam que os construtores viviam, foram encontrados ovos de parasitas intestinais em fezes fossilizadas com mais de 4500 anos, escreve o Science Alert.

Estes parasitas são conhecidos por infetarem o gado e o facto de terem sidos encontrados em fezes humanas dá pistas sobre o que é que os construtores de Stonehenge comiam na era Neolítica.

A equipa suspeita que a dieta da população se baseava em intestinos, pulmões e fígados crus ou pouco cozinhados. Se uma vaca estivesse infetada antes de ser morta, os parasitas podiam passar facilmente desta para os humanos que a comessem.

“Encontrar os ovos de parasitas em fezes de humanos e de cães indica que as pessoas estavam a comer os órgãos internos de animais infetados e que davam os restos aos seus cães”, revela a paleopatologista Evilena Anastasiou, que liderou a investigação.

As conclusões são compatíveis com pesquisas anteriores no sítio, que mostraram que o gado era frequentemente morto durante o Inverno.

Para além de quatro fezes (três de cães e umas de humanos) terem vermes capilares, um outro fóssil tinha vestígios de uma ténia que infeta os peixes de água doce. Esta descoberta é intrigante devido às poucas provas encontradas de que se pescava no final do período Neolítico no Reino Unido.

ZAP //

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