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“Feromona Princesa” é essencial na ascensão das larvas a formigas-rainhas

Clint A. Penick

As formigas-obreiras preparam e inspecionam as larvas para determinar se estão a desenvolver-se como rainhas ou obreiras.

As formigas-obreiras preparam e inspecionam as larvas para determinar se estão a desenvolver-se como rainhas ou obreiras.

As formigas gerem a ascensão à “realeza” como um ritual e através de uma “feromona princesa” a colónia sabe quais as larvas que vão ser preparadas para serem rainhas, segundo um estudo hoje divulgado.

O estudo, feito com formigas saltadoras indianas, veio mostrar que se uma larva dá sinais de maturação para rainha no momento errado é fisicamente impedida pelas formigas comuns, mas que os mesmos sinais no momento certo levam todo o formigueiro a dar à larva os recursos de que precisa para se tornar rainha.

“As pessoas têm estudado as feromonas das formigas nos últimos 50 anos mas praticamente tudo o que aprendemos diz respeito à forma como as formigas adultas usam as feromonas para comunicar entre si”, disse o investigador Clint Penick, da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, e principal autor da investigação.

As feromonas são substâncias químicas que promovem reações específicas em seres da mesma espécie. Segundo o responsável, o estudo em causa é possivelmente o primeiro a revelar que as próprias larvas de formigas produzem feromonas que influenciam o comportamento das colónias.

As formigas em questão produzem novas gerações de rainhas anualmente, na altura das primeiras chuvas, que depois deixam as colónias e se reproduzem com machos criando novas colónias.

Mas se uma larva indica que se está a desenvolver como rainha no momento errado, por exemplo no inverno, e por isso o seu “voo de reprodução” não terá consequências, a colónia entende que ela está a consumir recursos sem motivo e ataca-a. O stress físico provocado faz com que a larva se desenvolva como uma formiga-obreira e não como uma rainha.

“As obreiras também podem impedir a ascensão de uma rainha no caso de se estarem a desenvolver mais rainhas do que aquelas que a colónia pode suportar”, explicou o especialista, acrescentando que a “feromona princesa”, quando libertada no momento certo, garante que as obreiras facilitam o desenvolvimento da nova geração de rainhas.

Para descobrir como é que as obreiras interagiam com larvas aparentemente iguais, os cientistas examinaram a camada de cera na cutícula das larvas  maiores, que claramente iam ser rainhas, e nas mais pequenas, supostamente obreiras – e descobriram que as composições químicas das camadas de cera eram completamente diferentes.

O passo seguinte dos investigadores foi transferir camadas de cera das larvas de rainha para as larvas de obreiras, verificando que as formigas trabalhadoras começaram a tratar as larvas destas como se fossem de rainhas.

“Sinais como a ‘feromona princesa’ são essenciais para os insetos sociais”, disse Penick, acrescentando que “as formigas têm que ter uma forma de garantir que haja trabalhadores na colónia, caso contrário todas as larvas podiam desenvolver-se como rainhas e a sociedade dos insetos desmoronava-se”.

A investigação “dá mais informações sobre a complexa biologia evolutiva por detrás dos comportamentos sociais dos insetos”, disse o investigador, segundo o qual é preciso agora investigar se a “feromona princesa” está presente em outras espécies de insetos.

ZAP // Lusa

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