A polícia de Hong Kong instalou proteções e reforçou a segurança na zona central da cidade, onde é esperado hoje mais um protesto contra o Governo de Carrie Lam, noticiou a estação de rádio local RTHK.
Grandes barreiras de contenção foram colocadas junto às esquadras do Distrito Ocidental, na zona de Sheung Wan e de Central, e a fixação do pavimento das ruas foi reforçada para impedir que seja arrancado e arremessado, indicou.
Os manifestantes foram autorizados a concentrarem-se no jardim Chater, no centro da cidade, mas as autoridades recusaram autorizar a marcha até ao parque Sun Yat Sen em Sheung Wan, perto do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong, acrescentou a rádio pública.
A polícia chegou a propor um trajeto alternativo, mas a organização do protesto rejeitou a proposta, referiu a RTHK.
No domingo passado, os manifestantes concentraram-se no exterior do Gabinete de Ligação e lançaram tinta e ovos contra o símbolo da China.
No sábado, pelo menos 23 pessoas ficaram feridas, duas das quais com gravidade, e 11 foram detidas durante a manifestação em Yuen Long, no noroeste do terriório, que se realizou apesar de ter sido proibida pelas autoridades, de acordo com meios de comunicação social locais.
A polícia, que usou granadas de gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar milhares de manifestantes, indicou que quatro agentes ficaram feridos na marcha em Yuen Long, perto da fronteira com a China, em protesto contra o ataque de domingo passado.
Em comunicado, divulgado durante a madrugada, a polícia disse ter usado “a força apropriada”, enquanto a Amnistia Internacional (AI) acusou as forças de segurança de “provocarem um aumento de tensão em vez de uma diminuição”.
O diretor da AI em Hong Kong, Tam Man-kei, considerou que “apesar de a polícia ter o direito a defender-se, observaram-se repetidamente ocasiões em que os agentes eram os agressores, batendo em manifestantes que estavam a retirar e atacando civis na estação de metro”.
Os 11 detidos são homens, com idades entre os 18 e os 68 anos, acusados de delitos como manifestação ilegal, posse de armas ofensivas, ataque a agentes e agressão.
De acordo com as leis do território, os participantes em manifestação ilegal podem incorrer em penas de entre três e cinco anos de prisão e numa multa de cinco mil dólares de Hong Kong (cerca de 600 euros).
Entretanto, o Governo de Hong Kong manifestou “profunda deceção” e afirmou que “no final da marcha, alguns manifestantes radicais atacaram violentamente os cordões policiais, vandalizaram um veículo policial e cortaram estradas”.
Em 21 de julho, homens encapuzados, vestidos de branco e munidos com bastões, investiram indiferenciadamente contra uma multidão, na sua maioria manifestantes que tinham participado num protesto na cidade, e que se encontrava na estação de metropolitano de Yuen Long. Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas.
A manifestação de sábado foi mais um capítulo da contestação na rua, iniciada em junho contra as emendas à lei da extradição, entretanto suspensas.
Os manifestantes exigem uma resposta do Governo de Carrie Lam a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 01 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
ZAP // Lusa