Dois guardas florestais de Asco, na Córsega, descobriram um felino que não conseguiram identificar: chamaram-lhe “gato-raposa”.
De pelo cinzento avermelhado e cauda com anéis escuros, o “ghjattu-volpe”, ou “gato-raposa”, rosna quando está dentro da gaiola. Há muito que se sabia que este felino vivia nas florestas da Córsega, mas a sua existência como espécie à parte ainda não foi oficialmente reconhecida.
Pierre Benedetti, guarda-chefe ambiental do Gabinete Nacional de Caça e Vida Selvagem (ONCFS), disse à AFP que, “para nós, é uma espécie selvagem natural, conhecida, mas não registada, porque é um animal extremamente discreto, com costumes noturnos. Esta é uma descoberta extraordinária“.
Segundo o Diário de Notícias, para chegar à zona da floresta onde o espécime foi encontrado, é preciso caminhar durante 45 minutos na paisagem rochosa e florestal do Vale Asco, um território “íngreme e montanhoso” com 25 mil hectares, onde até agora só foram identificados 16 gatos-raposa.
“Longe da presença do homem”, vivem onde há “água e uma cobertura vegetal para protegê-lo do seu principal predador”, a águia-real. os guardas florestais capturaram 12 destes animais, incluindo uma fêmea, para observação.
Depois de uma rápida observação, os animais foram libertados. “É um felino de pelo sedoso, muito semelhante ao gato doméstico, com 90 centímetros da cabeça até o final da cauda, orelhas muito largas, bigodes curtos, caninos muito desenvolvidos. As patas traseiras são pretas, cor vermelho-ferrugem na barriga, pelo denso e uma cauda com dois a quatro anéis e pernas dianteiras com listas”, explicou à AFP Carlu-Antone Cecchini, chefe de missão.
O nome gato-raposa surgiu graças ao comprimento da sua cauda. Benedetti acrescentou ainda que este felino tem sido visto em várias regiões da Córsega.
Um dos animais capturado por diversas vezes é um macho com quatro a seis anos, com um olho verde e outro castanho, a quem foi colocado um GPS, o que permitiu registar dados sobre a sua vida ao longo de 80 dias.
A equipa de Benedetti capturou inesperadamente, em 2008, um gato num galinheiro em Olcani, em Cap Corse. “Este animal pertence à mitologia dos nossos pastores, que nos disseram que os gatos da floresta atacaram as suas ovelhas e cabras. Dessas histórias, passadas de geração em geração, começámos a investigar”, contou Cecchini.
Em 2012, colocaram armadilhas escondidas que permitiram estabelecer um genoma e, através do seu ADN, foi enquadrado na categoria de gato selvagem europeu, “mas precisa de ser determinada a sua identidade”, apontou o cientista Pierre Benedetti.
Está ainda por descobrir a sua dieta alimentar. Há também a possibilidade deste gato “ter chegado durante a segunda colonização humana que remonta a 6.500 a.C. Caso esta hipótese seja confirmada, a sua origem estará no Oriente Médio.
Pierre Benedetti espera que, no máximo, dentro de quatro anos, “este gato seja reconhecido e protegido”.