Os fantasmas das estrelas mortas formam um alinhamento misterioso no Espaço

ESA / Hubble & NASA

Nebulosas planetárias NGC 6302, NGC 6881 e NGC 5189

Os restos fantasmagóricos das estrelas mortas alinham-se misteriosamente da mesma forma na Via Láctea. Apesar de esta peculiaridade ter sido detetada há mais de uma década, uma equipa de cientistas pensa agora estar mais perto de encontrar o motivo.

As nebulosas planetárias de um determinado tipo parecem estar todas alinhadas da mesma forma: quase paralelas ao plano galáctico.

Segundo o Science Alert, este pormenor foi detetado, pela primeira vez, pelo astrónomo Bryan Rees, da Universidade de Manchester, há mais de uma década.

Recentemente, uma equipa de investigadores – que inclui Rees e os astrofísicos Shuyu Tan e Quentin Parker, da Universidade de Hong Kong – pensa estar mais perto de descobrir a razão: o ambiente magnético na região.

As nebulosas planetárias são um fenómeno de vida relativamente curta. No fundo, são restos de estrelas como o nosso Sol que chegam ao fim da sua vida e ejetam o seu material exterior antes de o núcleo colapsar e se transformar num resto estelar conhecido como anã branca.

Como são libertadas sem a explosão de uma supernova, as nebulosas permanecem muitas vezes relativamente intactas, flutuando como bolhas brilhantes no Espaço. Aliás, foi exatamente por isso que foram denominadas de “nebulosas planetárias”, uma vez que são redondas como os planetas.

Contudo, se a anã branca partilhar o seu sistema com outra estrela, a nebulosa já assume um aspeto muito diferente. De acordo com a comunidade científica, o movimento orbital entre as duas estrelas em sistemas binários esculpe a nebulosa em lóbulos, assemelhando-se assim a uma ampulheta.

Em 2011, Bryan Rees reparou que estas nebulosas em forma de ampulheta estão muitas vezes alinhadas de tal forma que o seu eixo longo fica paralelo, ou quase paralelo, ao plano galáctico.

Recentemente, a equipa analisou 136 nebulosas planetárias no bojo galáctico da Via Láctea – uma região de estrelas muito compactas que se encontra no centro da maioria das galáxias espirais – e descobriu que as nebulosas que apresentam este alinhamento são aquelas em que o binário se encontra numa órbita muito pequena e apertada.

Segundo os cientistas, este fator é uma pista que pode ajudar a desvendar a história da formação da galáxia.

Já em relação ao alinhamento perfeito deste subconjunto específico de nebulosas planetárias, os cientistas sugerem que a única explicação plausível são os campos magnéticos. Embora, atualmente, não sejam suficientemente fortes para explicar o arranjo uniforme, podem ter sido no passado, mantendo os binários alinhados muito antes da formação das nebulosas planetárias.

O artigo científico foi recentemente publicado na The Astrophysical Journal Letters.

Liliana Malainho, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.