Todos os anos, os salmões regressam aos rios gelados do Alasca para acasalar, pôr os seus ovos e morrer. Nesta altura, a população corre em busca do famoso salmão do Alasca. Contudo, estão a deparar-se com salmões cada vez mais pequenos, e a culpa pode ser das alterações climáticas.
De acordo com o estudo publicado na revista Nature Communications, a 19 de gosto, as mudanças climáticas e a competição com o salmão de viveiro podem ser as principais causas deste fenómeno..
Krista Oke, pós-doutorada na Universidade do Alasca, analisou juntamente com a sua equipa, registos de tamanhos de peixes que remontam à década de 1950. Os dados incluíram cerca de 12,5 milhões de salmões – sendo que cada um dos peixes foi medido por especialistas do Departamento de Pesca e Caça do Alasca. No final não houve margem para dúvidas, o salmão realmente estava mais pequeno.
O salmão selvagem Sockeye, também conhecido como salmão vermelho, é hoje 2,1% mais pequeno do que os seus ascendentes. Já a espécie de salmão Chum tornou-se 2,4% mais curta, e o Coho 3,3 % mais curto – relata o Scientific American.
O salmão Chinook – ou Rei Salmão – apresentou a maior queda, registando uma diminuição no tamanho de 8%. O estudo descreve que estes declínios recentes no tamanho do corpo do salmão, podem ter impacto nos ecossistemas e na pesca.
Os investigadores não descobriram as razões exatas que explicam esta tendência. Porém, a análise sugere que as mudanças climáticas e a competição com o salmão selvagem, criado em incubadoras, desempenham um papel negativo. Os cientistas descobriram que a mudança no tamanho do corpo pode dever-se ao prematuro regresso dos peixes do oceano, que voltam agora com uma idade mais jovem do que no passado.
Oke acredita que os peixes podem estar a voltar mais cedo porque estão a atingir a maturidade mais depressa, por algum motivo que ainda é desconhecido. Contudo, especula-se que o oceano se esteja a tornar num lugar perigoso para os salmões mais velhos sobreviverem.
Seja qual for a causa, essa mudança no tamanho tem consequências enormes para as pessoas, e para o meio ambiente. Oke e a sua equipa calculam que pescar peixes mais pequenos, pode já ter reduzido o valor da pesca comercial de salmão no Alasca em 21%.
Provavelmente também reduziu os alimentos disponíveis para pescadores de subsistência, muitos dos quais dependem de reservas de salmão para sobreviver. A nível ecológico, os investigadores acreditam que os peixes mais pequenos põem menos ovos, o que pode diminuir as populações de salmão no futuro.
De acordo com o estudo, o salmão que agora é pescado traz 28% menos nutrientes para as bacias hidrográficas onde normalmente põe os ovos.