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O mistério da família que rasteja como um urso fascina os cientistas há anos

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YouTube / BBC

Várias crianças na família Ulas, na Turquia, andam naturalmente a rastejar como um urso. Houve cientistas a acreditar que são um exemplo de uma regressão na evolução, mas esta hipótese já foi descartada.

Uma família na Turquia tem um hábito peculiar — de forma natural, os membros da família Ulas andam apoiados nos quatro membros, quase como um urso. De 19 crianças nascidas na família, cinco aprenderam espontaneamente a deslocar-se desta forma inusitada. Porquê?

Esta questão suscitou durante anos um intenso debate na comunidade científica. A família Ulas vive numa zona rural no sul da Turquia, e sete das 19 crianças têm deficiências mentais, relata o IFLScience.

O biólogo evolutivo Üner Tan observou a família e concluiu que as crianças que se moviam apoiadas nos quatro membros assemelhavam-se à forma como os antigos Homo sapiens se deslocavam antes de terem evoluído até se tornarem bípedes. Esta conclusão polémica sugeria que estes casos eram um exemplo de uma regressão na evolução e a condição das crianças foi batizada como síndrome de Üner Tan.

Um documentário da BBC procurou explorar mais a questão. Os cientistas britânicos Nicholas Humphrey e John Skoyles juntaram-se a Tan numa visita à família, em que o pai Resit se mostrou ofendido com a comparação dos seus filhos a “macacos”.

Os dois cientistas que lideraram a nova observação à família tinham uma ideia muito diferente, descrevendo até o diagnóstico de Tan como “profundamente insultuoso para a família”. As suas conclusões apontavam antes que o andar peculiar das crianças se devia a duas condições raras a ocorrer ao mesmo tempo — uma biológica e uma que se desenvolveu.

À medida que cresceram, em vez de andarem de gatas como a maioria dos bebés, as 19 crianças da família Ulas rastejavam como um urso. Quando cresceram além desta fase, alguns dos bebés começaram a ter sintomas de ataxia cerebelar congé, uma condição que causa problemas com o equilíbrio e que é herdada geneticamente.

Os especialistas argumentaram assim que a condição não tinha nada a ver com uma regressão na evolução e que as crianças simplesmente começaram a rastejar porque não se equilibravam de pé.

Desde então, foi descoberto um grande número significativo de mutações recessivas que podem explicar o andar peculiar da família — sendo que muitas dessas mutações  estão no mesmo gene, o VLDLR, mas resultam em fenótipos totalmente diferentes. Há também mais quatro genes implicados na doença, tornando incrivelmente difícil estabelecer um mecanismo subjacente.

ZAP //

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