Lista de espera na maioria das escolas, para o próximo ano lectivo. Mensalidades aumentam, mas a procura também.
A COVID-19 originou uma maior procura pelas escolas privadas em Portugal.
Muitos pais olham para a escola pública como uma fonte de problemas, de instabilidade, lembram-se da constante falta de professores, discordam do método de ensino e procuram alternativas.
A Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência mostra que, em apenas dois anos lectivos (comparando 2019/20 com 2021/22), passou a haver mais 5 mil alunos nas escolas privadas.
As mensalidades têm aumentado mas, mesmo assim, a procura também.
Para o próximo ano letivo, inscrever uma criança numa escola privada volta a ser um problema. Com foco nas duas cidades principais.
“A falta de vagas em Lisboa e no Porto deverá manter-se. Há novas ofertas, mas na verdade não esperamos uma diminuição da procura e a pressão deverá ser a mesma”, disse Rodrigo Queiroz e Melo, diretor-executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP).
No Diário de Notícias, o responsável salientou que há cada vez mais escolas privadas no interior. Mas, mesmo com mais vagas, a maioria das escolas tem lista de espera.
O maior problema está nas novas inscrições. Ou seja, quem quer ir pela primeira vez para uma determinada escola privada vai ter mais dificuldades em confirmar a inscrição.
E o próximo ano letivo pode acentuar este cenário: “Acreditamos que este ano possa haver um aumento da procura, mas ainda é cedo para ter dados concretos”, relatou Rodrigo.
Para aumentar a probabilidade de garantir vaga em pelo menos uma escola, muitas mães e muitos pais inscrevem a criança em diversas escolas.
Pagam a taxa de inscrição (que pode ser de centenas de euros) e depois esse dinheiro pode servir “para nada”; o dinheiro fica na escola mas a criança vai para outro lado. Há escolas onde se paga taxa de pré-inscrição, mas não há garantia de vaga para o ano letivo em causa.
Ainda sobre o aspecto financeiro, Marco Carvalho, diretor do Colégio Júlio Dinis (Porto), destacou o facto de os pais ou avós colocarem a educação da criança como prioridade. Mesmo que não tenham muito dinheiro em casa.
“As pessoas podem não ter mais recursos disponíveis, mas fazem um esforço para investir na educação dos filhos. As famílias estão mais disponíveis para fazer esse esforço”, comentou.