Faltam pescadores em Portugal, mas não faltam sardinhas para os Santos

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Portugal tem falta de pescadores. Estágios remunerados e fixação de migrantes são as soluções que o governo quer implementar.

Assinala-se esta terça-feira o Dia Internacional da Luta contra a Pesca Ilegal, Não Declarada e Não Regulamentada.

Em declarações à rádio Renascença, a secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, admitiu que há falta de pescadores em Portugal.

A solução encontrada pelo Governo – para ser implementada já a partir do próximo ano – é a criação de estágios remunerados.

“No âmbito do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos incluímos estágios remunerados a bordo das embarcações de pesca”, anunciou a governante.

“O que acontece é que há muitas ações de formação profissional, mas só 43% dos formandos é que se mantém no setor, o que é manifestamente insuficiente”, lamentou.

Além disso, o Estado pretende fixar trabalhadores migrantes, que possam ajudar a resolver o problema e que tenham interesse em ficar no país.

“Temos um conjunto muito significativo de indonésios a trabalhar a bordo das embarcações, que têm resolvido o problema de muitas embarcações. Muitos deles querem vir com a família para Portugal e, portanto, precisamos de criar condições para que eles venham, fiquem e continuem a trabalhar nas nossas embarcações”.

A secretária de Estado garantiu, no entanto, que não vai faltar sardinha para os Santos Populares, pelo menos em quantidade: “a quantidade não é o problema. O problema é a falta de qualidade que tem existido”.

“Normalmente, em maio a sardinha está mais magra, em junho ganha mais qualidade, tamanho e gordura. Estamos convictos que isso vai acontecer agora, porque Santos Populares sem sardinha não é desejável”, confessou.

“O crime não compensa”

Quanto à fiscalização, Teresa Coelho garantiu à Renascença que a inspeção está cada vez mais apertada.

“Ao nível do Sistema Integrado de Fiscalização das Pescas, que integra a Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), a GNR, a Autoridade Marítima, o Comando Naval e as regiões autónomas, realizam-se por ano cerca de 15 mil inspeções“.

“Só ao nível da DGRM temos entre 250 a 300 inspeções. Realizámos em 2022 mais 20% de inspeções do que em 2021 e o corpo de inspetores aumentou de 11 para 21 inspetores. Fizemos um investimento grande no âmbito do controlo e fiscalização da pesca”, disse a governante.

De acordo com os dados expostos pela Renascença, o número de autos levantados pela DGRM tem vindo a aumentar, ao longo dos últimos anos: foram 152 em 2020, 166 em 2021, 233 em 2022 e 86 até maio deste ano.

A secretária de Estado das Pescas avisa que a fuga à lota é mau para todos e, por ser uma economia paralela, e não compensa: “é prejudicial para quem vende na lota, para quem vende fora de lota, é prejudicial para todo o sistema“.

Teresa Coelho diz que a captura de pescado subdimensionado – sem o tamanho mínimo estipulado – também tem de ser combatida.

“A outra prioridade é combater a captura de pescado subdimensionado, porque precisamos de preservar os nossos recursos, porque a preservação dos nossos recursos garante a continuidade da atividade”, concluiu.

ZAP //

4 Comments

  1. Há profissões que os portugueses não querem exercer. Este fenómeno já ocorreu noutros países há algumas décadas atrás. Há já mais de 40 anos que alemães, franceses, ingleses, suíços…deixaram de querer exercer determinadas profissões. Porque fossem exigentes fisicamente ou desprestigiantes do ponto de vista social, o que é certo é que não as queriam realizar. E quem contornou o problema nessas sociedades foram as comunidades imigrantes (entre elas a portuguesa). O mesmo está a acontecer agora por cá. E há algo mais que já aconteceu nesses países, há mais de 10 anos, e que brevemente teremos também em Portugal: falta de professores.

    • Na verdade os Portugueses querem trabalhar, seja na Agro-Pecuária, nas Pescas, ou na Indústria, dizer o contrário é estar a mentir por ignorância ou má intenção.
      No caso concreto do Sector das Pescas é preciso entender que o mesmo foi completamente destruído e deturpado após o 25 de Abril de 1974 que ao mesmo tempo trouxe a falta de conhecimento e desleixo na Arte/Profissão e a mão-de-obra com perfil para trabalhar nesta actividade começou a afastar-se ou a desaparecer, isto para não falar da extinção das Tradições e o facto de terem sido deslocados para as Comunidades Piscatórias grandes quantidades de parolos(as) que em nada têm a ver com a Arte da Pesca e respectiva actividade profissional, promovendo assim a sua degradação.
      Para resolver o problema basta modernizar o Sector das Pescas na sua totalidade, pagar bons salários, e resgatar as Tradições e Identidade das comunidades dos Homens do Mar e respectivas famílias, e gerir a coisa como no tempo do Estado Novo em que esta actividade era muito forte e prestigiada.
      Quanto à questão da deslocação em massa de Estrangeiros para Portugal, o que escreve é mentira, Portugal não precisa de Estrangeiros para ocupar os postos de trabalho em falta, já temos os Portugueses que não têm medo vergar a mola e a única coisa que pedem é contrato de trabalho de longa duração, cumprimento dos Direitos Laborais e da Lei, regras, educação, respeito, maturidade, disciplina, e boa gestão.
      Quando escreve «…deixaram de querer exercer determinadas profissões. Porque fossem exigentes fisicamente ou desprestigiantes do ponto de vista social, o que é certo é que não as queriam realizar…», não corresponde à realidade e é uma patetice de todo o tamanho.

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