Falta de enfermeiros obriga diretor e guardas a administrar medicamentos aos reclusos

Dan Buczynski / Flickr

O diretor de uma prisão ou guardas prisionais a distribuírem medicamentos aos reclusos são alguns exemplos do impacto da falta de profissionais de saúde denunciada, esta segunda-feira, pelo diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

Depois de uma visita dos secretários de Estado Adjuntos da Justiça e da Saúde, Helena Mesquita Ribeiro e Fernando Araújo, respetivamente, ao Hospital Prisional de São João de Deus, Celso Manata falou de algumas das maiores dificuldades que se vivem no meio.

A visita tinha o objetivo de acompanhar e verificar as condições de aplicação do despacho conjunto que pretende melhorar o acesso de reclusos ao Serviço Nacional de Saúde em condições de igualdade aos demais cidadãos.

O diretor geral de Reinserção e Serviços Prisionais reconheceu então existir um problema “gravíssimo de recursos humanos”, que não está em fase de resolução, já que as empresas se recusam a assegurar a presença de profissionais, tendo em conta o valor que lhes pagam. “Tínhamos o sistema assente no relacionamento com as empresas. Esse relacionamento já se percebeu que não funciona porque falha com muita frequência“, disse.

Perante a ausência de profissionais, são cada vez mais frequentes as situações em que, chegada a hora de administrar os medicamentos, têm de ser os guardas a fazê-lo. A situação é complicada em todas as prisões, mas especialmente grave em Setúbal.

No Algarve, por exemplo, teve de ser o diretor do estabelecimento de Silves, a administrar a medicação aos reclusos num dia em que não foi possível outra solução.

Celso Manata referiu que foram solicitados ao Ministério da Justiça cerca de 50 médicos e 59 enfermeiros, um pedido aceite pela tutela, mas que aguarda ainda pela autorização das Finanças.

O diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais alerta para outras consequências desta falta de pessoal que passam por uma desnecessária repetição de exames: “Como o médico está sempre a rodar e não conhece a pessoa está sempre a pedir os exames todos e prescreve toda a medicação que é pedida”, disse, lamentando esta situação que, além de não ser a mais indicada em termos de saúde, custa muito dinheiro ao Estado.

// Lusa

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