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Falta de uma assinatura deixa centenas de utentes sem tratamentos de cancro

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Um dos três equipamentos de radioterapia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra está sem funcionar por falta de uma licença do Ministério da Saúde, o que obriga centenas de utentes a adiarem tratamentos de cancro.

O caso é denunciado pelo presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, que em declarações ao Jornal de Notícias (JN) salienta que esta situação “tem um impacto muito concreto sobre a saúde dos doentes” oncológicos.

Após visita ao Serviço de Radioterapia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Carlos Cortes atesta que, dos três equipamentos de radioterapia existentes, só dois estão a funcionar, porque falta uma licença do Ministério da Saúde para o funcionamento do terceiro.

O elemento da Ordem dos Médicos (OM) estima que ficaram por tratar 600 doentes e por fazer 12 mil sessões de radioterapia, em 2016, “simplesmente porque falta uma autorização para o equipamento poder funcionar”, destaca no JN.

O presidente da SRCOM realça que o CHUC já pediu por três vezes a autorização à tutela, mas até agora, ela ainda não chegou.

“Por causa da falha, muitos doentes poderiam ter o tratamento imediatamente, mas têm de esperar mais de quatro, cinco ou seis semanas para as sessões de radioterapia se iniciarem”, alerta Carlos Cortes citado pela agência Lusa.

“Região extremamente deficitária”

O elemento da OM também denuncia a grande carência de aceleradores lineares para tratamentos com radioterapia na região Centro, considerando que se trata de uma zona “extremamente deficitária neste tipo de equipamentos”.

Neste momento, a região Centro tem cinco equipamentos e, a breve trecho, irá perder dois dos que estão no CHUC – um ainda este ano e outro em 2018.

“A região deveria ter nove aceleradores“, para cumprir a meta fixada em Conselho de Ministros, em 1995, de um acelerador linear por 250 mil habitantes, defende Carlos Cortes.

A situação, frisa, “tem de ser rapidamente resolvida”, visto que a média de aceleradores por habitantes “é respeitada a nível nacional”, mas o Centro “está muito abaixo” dessa meta.

A aquisição de novos aceleradores lineares é fundamental, por serem equipamentos de tratamento de “doentes que sofrem patologias graves – doentes com cancros -, cujo início do tratamento é muito importante para o êxito desse mesmo tratamento”, vinca, considerando que a situação tem de ser resolvida com “absoluta urgência”.

Ministério está a analisar situação

Em resposta à agência Lusa, o Ministério da Saúde refere que “está a analisar as questões da radioterapia da região Centro numa perspectiva integrada e global e não apenas olhando para a realidade de Coimbra”.

“Assim, está em estudo avançado a localização” de uma unidade de radioterapia no Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV), “que permita aos doentes da Beira Interior ter um serviço de proximidade que evite as suas deslocações a Coimbra”, acrescenta a tutela, sublinhando que esta descentralização permitiria uma diminuição da afluência aos serviços prestados em Coimbra, quer no CHUC quer no Instituto Português de Oncologia (IPO).

O Ministério da Saúde sublinha ainda que “os tempos de espera e o número de doentes não justificam uma tomada de decisão precipitada, pois não está em causa o acesso aos tratamentos, que se mantêm em ritmo e oferta satisfatórios”.

O CHTV anunciou que já foi submetido ao secretário de Estado da Saúde o estudo relativo à instalação do serviço de radioterapia em Viseu, que propõe uma “parceria inovadora” com o IPO de Coimbra.

O CHUC recusou-se a prestar qualquer comentário.

ZAP // Lusa

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