Depois de vários anos de confusão, já se sabe quem é a verdadeira autora do poema erradamente intitulado de “O Mar dos Meus Olhos”, que se tornou viral como sendo de Sophia de Mello Breyner.
Tudo não terá passado de um mal entendido. A autora não era Sophia, mas sim Adelina Barradas de Oliveira, uma juíza desembargadora no Tribunal da Relação de Lisboa que escreve poesia nos tempos livres.
Segundo descobriu o jornal Público, tudo começou no dia 2 de julho de 2009, quando se cumpriam cinco anos desde a morte de Sophia. A juíza, como uma forma de homenagem à autora, publicou no seu blog Cleopatra Moon um poema intitulado “Sophia de Mello Breyner Andresen”, assinando no final com as suas iniciais: ACCB.
Um visitante do blog terá feito confusão e achou que a autora do poema era Sophia e, por isso, começou a partilhá-lo nas redes sociais, tornando-se viral em várias páginas da Internet e até em trabalhos académicos assinados por professores universitários dos cursos de Letras.
Adelina Barradas de Oliveira explicou que o seu objetivo com o poema era apenas homenagear a autora numa data que também é especial para si, por ser o aniversário da filha. “Diga que os tais versos fraquinhos, que nunca poderiam ser da Sophia, são da Adelina Barradas de Oliveira e que foram escritos há dez anos, no dia da morte de Sophia e na data do aniversário da filha da autora do blog onde os encontrou”, disse a autora.
A juíza desembargadora no Tribunal da Relação de Lisboa quis ainda deixar um recado para acabar de vez com a confusão: “Escrevo por escrever, como quem fuma por fumar, ou vai até à beira do mar para poder respirar e voltar ao trabalho e à rotina do dia a dia. É assim como uma forma de estar sozinha comigo observando o mundo lá fora”.
Num trabalho publicado em março de 2018, a propósito das eleições para a Associação Sindical dos Juízes, a cuja presidência Adelina Barradas de Oliveira concorreu, o jornal Público, ao traçar o perfil dos vários candidatos, já adiantava que os hobbies da juíza incluíam escrever poesia e textos de opinião.
Compartilhei na minha página, creditando, claro, e traçando um paralelo com caso similar, ocorrido aqui, no Brasil, onde o brasileiro Eduardo [Alves da] Costa homenageia Maiakovski e este, apesar da diferença de era, se torna “o autor”.
Poema belíssimo. Vale demais ser compartilhado. Obrigado.