Os sons das línguas humanas podem ser afetados por vários fatores do ambiente natural, sendo um deles a temperatura média anual.
Todas as características distintivas de uma língua – sons, cadências e padrões gramaticais – foram moldadas ao longo do tempo. Uma nova investigação revela que o volume não é exceção.
Segundo o Sci News, cientistas da Universidade de Nankai e da Universidade de Kiel analisaram cerca de 346 mil palavras de cerca de cinco mil idiomas e dialetos e calcularam a “sonoridade” média de cada idioma.
Importa salientar que a sonoridade é uma medida que pode ser parcialmente entendida como volume, mas também inclui o quão ressonante é uma palavra. No fundo, diz respeito à intensidade dos sons da fala, que é influenciada pela abertura do trato vocal.
O segundo passo da investigação centrou-se na análise dos registos de temperatura da NASA, para avaliar posteriormente se há alguma uma relação entre essas duas variáveis: a resposta é sim.
A equipa descobriu que as famílias linguísticas que se desenvolveram em climas mais quentes tendem a ter maior sonoridade do que aquelas que se desenvolveram em áreas mais frias. As pessoas que falam estas línguas não tendem necessariamente a falar mais alto, mas a qualidade das palavras nestas línguas é mais ressonante ou mais fácil de dizer em voz alta.
Embora não haja consenso entre cientistas, existem algumas teorias para explicar as conclusões deste trabalho.
A primeira defende que, em climas frios, o ar é mais seco, pelo que a secura pode dificultar a vibração das cordas vocais. A linguagem ter-se-á tornado mais silenciosa porque era apenas mais confortável e porque nestas temperaturas a tendência é manter a boca fechada com mais frequência.
Já a segunda teoria postula que, como o ar em climas mais quentes tende a absorver e a amortecer sons de frequência mais alta, as línguas desenvolveram mais sons ressonantes capazes de suportar melhor essa distorção.
O artigo científico com estas descobertas foi publicado, este mês, na PNAS Nexus.