Megaestruturas alienígenas podem autodestruir-se antes que possamos detetá-las, sugere novo estudo.
Apesar de ser altamente provável que ela exista algures no Universo, (ainda) não sabemos se há ou não vida extraterrestre, e uma nova investigação traz-nos uma teoria que explica porquê.
A procura de sinais alienígenas concentra-se em tecnossinais, que consistem em provas observáveis de tecnologia extraterrestre. Nessa insaciável busca científica, as esferas de Dyson têm sido os objetos que mais intrigam os astrónomos.
Estes hipotéticos enormes enxames de satélites, projetados para aproveitar a energia de uma estrela, já andam nas bocas dos astrónomos desde a década de 1960, quando o físico Freeman Dyson propôs que estas megaestruturas que uma eventual civilização tecnologicamente avançada poderia estar a aproveitar toda a energia produzida pela sua estrela, por necessidade, em vez de estar dependente da energia da superfície do seu planeta.
Até hoje, 60 anos depois, não foram encontradas provas concretas da existência de tais construções. Mas a nova investigação da iniciativa Breakthrough Listen da Universidade de Oxford pode explicar porquê.
Os cálculos da equipa de Brian Lacki apontam para que as esferas de Dyson, especialmente as compostas por vastos enxames de satélites, sejam instáveis e propensas à autodestruição.
Isto porque há uma alta probabilidade de colisões entre os componentes em órbita, que poderiam desencadear uma reação em cadeia semelhante à temida síndrome de Kessler na órbita da Terra — uma prevista catástrofe com lixo espacial em que os detritos chocam com satélites, criando uma “bola de neve” de mais e mais detritos.
Segundo o estudo publicado no dia 29 de abril na arXiv, seria uma questão de horas ou poucos dias até que satélites aleatoriamente em órbita em torno de uma estrela fossem destruídos.
Mesmo enxames mais organizados, com menos satélites ou colocados em em órbitas que não se cruzam, permaneceriam estáveis apenas por alguns milhões de anos — um período curto de uma perspetiva cósmica que reduz drasticamente as nossas hipóteses de observar tais estruturas alienígenas.
Evitar a autodestruição destes satélites implicaria uma gestão ativa do enxame, o que não é propriamente impossível, aponta a New Scientist. Essa gestão envolveria sistemas de rastreamento avançados ou o uso da pressão de radiação da estrela para guiar satélites equipados com velas solares, semelhantes a veleiros navegando com o vento.