Extinção dos Neandertais pode ter sido “genocídio” cometido por homo sapiens

Tom Bjorklund

Reconstrução artística do pai neandertal e a sua filha.

Num novo livro, o especialista em criminologia Yarin Eski, da Vrije Universiteit Amsterdam, defende que a extinção dos Neandertais pode ser considerada um “genocídio” cometido pelos humanos modernos.

De acordo com Eski, a nossa natureza genocida única enquanto espécie tornou isto inevitável.

Eski sugere vários mecanismos através dos quais os humanos modernos podem ter contribuído para o desaparecimento dos Neandertais.

Uma hipótese é que, quando os humanos modernos migraram de África para a Eurásia, trouxeram com eles doenças às quais as populações hominídeas locais não tinham imunidade.

Outra teoria propõe que as nossas armas e estratégias de caça superiores nos permitiram monopolizar as fontes de alimento, levando à fome dos nossos parentes menos capazes. Mais recentemente, ganhou força a ideia de que os Neandertais foram eliminados da existência ao cruzarem-se com os humanos modernos.

No entanto, de acordo com a IFLScience, Eski argumenta que os Neandertais provavelmente não tiveram um destino tão afortunado.

Baseando-se na capacidade humana para a violência e no seu papel ao longo da história, sugere que as nossas capacidades cognitivas avançadas, em particular a nossa capacidade de “desumanizar” os outros através da imaginação, fizeram de nós a espécie dominante na Terra.

Para cometer genocídio, Eski afirma que os seres humanos precisam frequentemente de desumanizar o grupo visado, vendo-o como não-humano, permitindo assim uma distância emocional e psicológica.

“Para alcançar a aniquilação total e cometer genocídio, muitas vezes precisamos de desumanizar o outro ser humano, imaginando-o como não-humano, o que nos permite distanciarmo-nos da sua semelhança”, diz Eski.

Examinando exemplos de civilizações antigas, como o Antigo Egito e o Império Romano, bem como acontecimentos mais recentes, como a colonização europeia e a Alemanha nazi, Eski defende que “a aniquilação total e a exploração através do genocídio e da colonização são características específicas da espécie humana”.

Com base na nossa história de violência e destruição, Eski conclui que a extinção do Neandertal deve ser reconhecida como um genocídio. Esta perspetiva reforça a ideia de que o património humano foi moldado por atos de violência e genocídio ao longo da história.