Exilados sauditas sentem-se em perigo após dissidente desaparecer no Canadá

Exilados sauditas no Canadá temem que o dissidente que está de volta ao país de origem tenha sido forçado a revelar informações sobre a comunidade exilada.

De acordo com o jornal Público, os exilados sauditas no Canadá sentem-se em perigo, depois do desaparecimento de Ahmed Abdullah al-Harbi, no mês passado, quando visitou a embaixada da Arábia Saudita em Otava.

O dissidente saudita acabou por reaparecer, na semana passada, mas na Arábia Saudita, pelo que os restantes ativistas receiam que este tenha sido coagido a regressar e a fornecer informações às autoridades sobre os restantes e as suas famílias.

São pessoas que “agora ficaram expostas. Ahmed revelou os seus nomes. E têm receio de poderem vir a ser localizados e que alguma coisa lhes possa acontecer a qualquer momento”, disse um dissidente no Canadá, que preferiu manter o anonimato.

“Existem pessoas que adotaram nomes falsos. Agora sabem quem elas são“, lamentou, por sua vez, Omar Abdulaziz, importante dissidente saudita que também vive no Canadá.

Segundo o mesmo diário, se os seus nomes forem revelados, as autoridades sauditas podem ameaçar as suas famílias na Arábia Saudita. O Governo costuma emitir proibições de viagem a familiares de dissidentes como forma de intimidação.

Na semana passada, um relatório apresentado pelos serviços de inteligência norte-americanos revelou que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, aprovou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, na Turquia.

Esta terça-feira, soube-se que a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) entrou com uma ação judicial na Alemanha, na qual pede a acusação do príncipe herdeiro por crimes contra a Humanidade, incluindo o assassinato de Khashoggi.

Além da morte de Khashoggi, a denúncia da RSF aborda a situação de 34 jornalistas que foram detidos na Arábia Saudita, entre eles o escritor Raif Badawi, condenado em 2014 a 10 anos de prisão e a mil chicotadas por acusações relacionadas aos conteúdos de um blogue que o próprio fundou.

Com mais de 500 páginas, a denúncia detalha assassinatos, tortura, violência sexual, desaparecimentos e outros crimes contra a Humanidade cometidos contra jornalistas.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.