A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) entrou com uma ação judicial na Alemanha, na qual pede a acusação do príncipe herdeiro saudita Mohammed Bin Salman por crimes contra a humanidade, incluindo o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018.
Segundo noticiou esta terça-feira a Time, a ação, apresentada a 01 de março, é a primeira a ser movida contra a Arábia Saudita na Alemanha. A escolha do país deve-se ao compromisso do governo alemão com a liberdade de imprensa e a com proteção de jornalistas. Além disso, o seu sistema judicial concede aos tribunais jurisdição sobre os principais crimes internacionais, referiu a RSF.
A ação surge após a CIA ter divulgado um relatório no qual revelava que o príncipe herdeiro “aprovou uma operação para capturar ou matar Khashoggi”, assassinado no consulado saudita em Istambul, na Turquia, em outubro de 2018.
Entretanto, foram impostas sanções e os Estados Unidos (EUA) restrigiram os vistos a 76 funcionários sauditas. A 01 de março, o Departamento de Estado norte-americano se recusou a confirmar se o príncipe herdeiro estava nessa lista, relatou o Guardian.
“Os responsáveis pela perseguição de jornalistas na Arábia Saudita, incluindo o assassinato de Jamal Khashoggi, devem ser responsabilizados pelos seus crimes”, disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, num comunicado com detalhes sobre a ação judicial.
A Arábia Saudita está na 170.ª posição no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa da RSF, que inlcui 180 países.
Além da morte de Khashoggi, a denúncia da RSF aborda a situação de 34 jornalistas que foram detidos na Arábia Saudita, entre eles o escritor Raif Badawi, condenado em 2014 a 10 anos de prisão e a 1000 chicotadas por acusações relacionadas aos conteúdos de um blogue que o próprio fundou.
Com mais de 500 páginas, a denúncia detalha assassinatos, tortura, violência sexual, desaparecimentos e outros crimes contra a humanidade cometidos contra jornalistas.
A 24 de fevereiro, um tribunal alemão condenou um ex-membro dos serviços de segurança do Presidente sírio Bashar al-Assad a quatro anos e meio de prisão por cumplicidade na tortura de civis. Este foi o primeiro veredicto do género por crimes contra a humanidade cometidos durante a guerra civil síria.