/

Os exemplos que Portugal deve seguir (e evitar) nas últimas etapas da pandemia

1

No plano apresentado pela equipa de Raquel Duarte comparam-se as estratégias opostas adotadas por Israel e Reino Unido, com a segunda a merecer nota negativa por parte dos investigadores.

Os dados foram lançados na reunião que se realizou esta semana e que juntou Governo e peritos em saúde pública.

Com o nível de vacinação a subir, a um ritmo estável, com os contágios em números moderados e com os hospitais longe da saturação que viveram em janeiro, estava na altura de Portugal começar a preparar as últimas etapas da pandemia.

Nesse sentido, foi proposto um plano — Plano de Redução das Medidas Restritivas de Controlo à Covid-19 — pela pneumologista Raquel Duarte e sua equipa, responsável por elaborar as previsões que ajudam o Governo a tomar decisões relacionadas com a gestão da pandemia.

Na mesma reunião, os especialistas fizeram questão de lembrar quais os fatores que podem influenciar a transição para uma fase mais avançada do plano, ou um retrocesso, dando como exemplo o que aconteceu noutros países, como o Israel, exemplo bom, e o Reino Unido, exemplo mau.

Na proposta de plano apresentado, citada pelo Diário de Notícias, pode ler-se que “Israel está a tomar uma posição mais cautelosa do que o Reino Unido“. Apesar de ter uma percentagem de população vacinada muito elevada, está a ser considerada a utilização do certificado digital para acesso a locais públicos e eventos sociais, assim como outras medidas que evitem grandes concentrações de pessoas e eventos de super transmissão.

Está também em vigor uma medida que prevê a obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes fechados, quarentenas de 24 horas ou a realização de um teste para recém-chegados ao país. Indivíduos que chegam ao país provenientes de países com alta incidência têm que fazer quarentena mesmo que estejam vacinados.

O Reino Unido, por sua vez, optou por suspender todas as medidas restritivas, inclusive o uso de máscara, admitindo que as infeções são um dado adquirido, mas que as vacinas serão uma arma eficaz para evitar grandes números de letalidade.

No entanto, para a equipa de Raquel Duarte, coordenadora da unidade de investigação da Administração regional do Norte e professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, esta política tem vários riscos inerentes: a letalidade, apesar de agora ser diminuta face à vacinação; o das infeções e o risco das consequências a curto e longo prazo das sequelas deixadas pela doença, o chamado long covid, ou Covid prolongado.

Tal como aponta o Diário de Notícias, o governo de Boris Johnson assumiu a criação de “reservatórios de infeção” durante o período de férias, o que poderá acelerar a transmissão no início do ano letivo e reinício da atividade laboral pós-férias. Há ainda outro risco que foi admitido pelas instâncias políticas, o do aparecimento de novas variantes do vírus e da sobrecarga do sistema de saúde.

Ao mesmo jornal, Raquel Duarte afirmou esta semana que Portugal, num momento de viragem da pandemia, deve olhar à “volta” e “aprender com o que os outros estão a fazer“, sublinhando que é preciso manter o “ritmo de vacinação” e que as pessoas continuem a ser responsáveis, ou seja, que cumpram “as regras de proteção individual”.

De acordo com o Plano de de Redução das Medidas Restritivas de Controlo à Covid-19 é preciso considerar os fatores que reduzem o risco, nomeadamente a vacinação completa, não frequentar espaços públicos com aglomeração de pessoas e frequentar sobretudo espaços abertos com poucas pessoas.

Além destes, ter um círculo social pequeno, manter regularmente as medidas de distância das outras pessoas, utilizar a máscara com regularidade e minimizar o contacto com pessoas com sintomas sugestivos de covid-19 são fatores que reduzem o risco de contágio.

No sentido oposto, os fatores que aumentam o risco consistem na vacinação incompleta, no contacto regular com crianças e/ou pessoas não vacinadas, na frequência de espaços com aglomeração de pessoas e ter fatores de risco para formas graves de doença por covid-19.

Esta quinta-feira, depois da reunião do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, António Costa, apresentou as três fases que vão ditar o levantamento gradual das medidas de combate à pandemia nos próximos meses. A primeira fase começa já este domingo, dia 1 de agosto.

ARM, ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.