O ex-Presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, foi “envenenado” na prisão e corre o risco de morrer caso não receba o tratamento adequado, segundo um relatório médico divulgado pelos advogados.
Em 2021, Saakashvili, de 54 anos, foi transferido para o hospital após uma greve de fome que manteve durante 50 dias, em protesto contra a sua prisão. Vários grupos de direitos têm denunciado a sua detenção, indicando que ocorreu por motivações políticas, como lembrou o Moscow Times.
Num relatório distribuído pela defesa de Saakashvili, o toxicologista norte-americano David Smith afirmou que “os testes revelaram a presença de metais pesados” no seu corpo e que os sintomas patológicos que apresenta “são o resultado de envenenamento por metais pesados”.
“A um grau razoável de certeza médica” os agentes tóxicos, incluindo mercúrio e arsénico, foram introduzidos na prisão, disse David Smith. Os autores do relatório, datado de 28 de novembro, também disseram que Saakashvili estava a receber medicação prejudicial, sem a supervisão adequada.
O “aumento do risco de mortalidade é iminente” caso não receba o tratamento adequado, “que parece ter sido negado ou [estar] indisponível” na Geórgia, acrescentou Smith. Já as autoridades georgianas insistem que Saakashvili está a receber os cuidados médicos adequados.
Outro médico independente, Mariam Jishkariani, que chefiou um conselho de médicos que tinha examinado Saakashvili, disse à AFP que lhe “foi diagnosticado um dano cerebral e uma neuro-intoxicação”. “Ele sofre de várias doenças graves, que são incompatíveis com o seu confinamento, de acordo com a lei georgiana”, referiu.
Já Tengiz Tsuladze, também médico, informou que Saakashvili “perdeu mais de 40 quilos desde a sua detenção”. “O sistema médico da Geórgia parece ter esgotado todos os meios disponíveis para o tratamento de Saakashvili”, disse à estação de televisão independente Formula TV, no domingo.
Saakashvili é o fundador da principal força de oposição da Geórgia e foi Presidente do país entre 2004 a 2013. Em 2018, foi condenado à revelia a seis anos de prisão por abuso de poder. Foi preso em outubro de 2021, dias depois de ter regressado secretamente do exílio na Ucrânia.
O ex-chefe de Estado declarou que a sua prisão tem motivações políticas.
Em outubro, o Conselho da Europa apelou à “libertação dos presos políticos que se opõem ao Presidente russo Vladimir Putin na Federação Russa e noutros países, incluindo Mikheil Saakashvili”. A Amnistia Internacional classificou o seu tratamento como uma “aparente vingança política”.