A Justiça argentina vai investigar a ex-presidente Cristina Kirchner, por suspeita de lavagem de dinheiro. O pedido foi feito este sábado pelo procurador Guillermo Marijuan.
A ex-presidente Cristina Kirchner tinha já sido chamada a depor, no próximo dia 13, sobre outro caso – a venda de dólares no mercado futuro, feita pelo Banco Central no final de seu mandato.
A operação teria causado prejuízo aos cofres públicos equivalente a 7,3 bilhões de reais. A ex-presidente é ainda suspeita de delapidação de fundos públicos.
Simpatizantes da Frente para a Vitória, que esteve no poder durante os governos de Nestor Kirchner, entre 2003 e 2007, e da sua viúva e sucessora, Cristina Kirchner de 2007 a 2015, convocaram uma marcha de protesto para a próxima quarta-feira.
Os seus apoiantes prometiam ir às ruas “defender” a ex-presidente, ainda antes de saber que estaria envolvida numa segunda investigação.
O caso de lavagem de dinheiro que envolve Kirchner arrasta-se há alguns anos.
Em 2013, o financeiro Leonardo Farina revelou, num programa de televisão, que tinha ajudado a enviar milhões de euros do empresário Lazaro Baez para a Suíça.
Baez, que enriqueceu durante os governos Kirchner e é suspeito de ser o testa de ferro da família, está preso.
Na sexta-feira, Farina prestou depoimento, durante quase 12 horas, após o que o procurador Guillermo Marijuan solicitou que Cristina Kirchner e o ex-ministro do Planeamento, Júlio de Vido, sejam investigados por lavagem de dinheiro.
Maurício Macri na mira dos Panama Papers
As investigações ameaçam também o actual presidente, Maurício Macri.
Esta sexta-feira, os seus advogados apresentaram à Justiça documentação sobre a sua participação em empresas offshore da família.
O presidente Macri aparece como director da Fleg Trading, empresa fundada pelo seu pai, que funcionou entre 1998 e 2008, nas Bahamas e da Kagemusha, empresa aberta em 1981 no Panamá.
A existência da Fleg Trading veio à tona com a publicação dos Panamá Papers – uma investigação que envolveu 376 jornalistas de 76 países.
A investigação analisou 11,5 milhões de documentos da Mossack Fonseca, empresa especializada em abrir sociedades em paraísos fiscais, e aponta que Macri não terá declarado a sua participação na Fleg Trading em 2008 e 2009, quando era presidente da Câmara de Buenos Aires.
Macri explicou, em entrevista a um jornal e num discurso na televisão, que nunca foi accionista das empresas, que foram abertas pelo seu pai, o empresário Franco Macri, e que ele nada tem a ocultar.
No seguimento do caso, Mauricio Macri, eleito em novembro após uma campanha com o fim da corrupção no governo Kirchner como uma das suas maiores bandeiras, anunciou este sábado que vai entregar a gestão de todos os seus bens a um fundo independente.
A medida, diz o presidente argentino, tem como objectivo “evitar conflitos de interesses e dar transparência” à sua presidência.
ZAP / ABr
Ainda ontem Lavei 20 euros com a roupa branca.