Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro detido ao aterrar no Brasil

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José Cruz / Agência Brasil

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro detido

A Polícia Federal brasileira deteve hoje em Brasília Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro, no âmbito da investigação dos ataques às sedes dos três poderes no passado domingo, informaram fontes oficiais.

O ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal de Brasília foi detido esta manhã pelas autoridades no aeroporto internacional de Brasília após desembarcar de Miami, nos Estados Unidos.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tinha ordenado a prisão de Torres por alegada responsabilidade por não impedir os ataques perpetrados por milhares de ‘bolsonaristas’ contra as sedes dos três poderes no domingo, quando o ex-ministro ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Na sexta-feira, o STF anunciou a abertura de um inquérito contra o governador suspenso do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, e Anderson Torres.

Torres foi ministro da Justiça de Bolsonaro e era tido como um dos seus aliados mais fiéis. Logo após a posse de Lula, Torres foi nomeado por Ibaneis Rocha como secretário de segurança, cargo que exercia antes de assumir o Ministério da Justiça.

Durante a sua gestão como ministro da Justiça, foi alvo de críticas da oposição por, supostamente, usar o seu cargo para favorecer Jair Bolsonaro.

No domingo, milhares de ‘bolsonaristas’ atacaram as sedes da Presidência da República, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, que estão sob investigação.

A atuação de Anderson Torres levanta diversas questões: por que viajou para os Estados Unidos nas vésperas de uma manifestação prevista, se se encontrou nos EUA com Bolsonaro e de tratou dessas manifestações com o ex-presidente.

Durante a investigação, a polícia fez buscas na casa de Torres na terça-feira e apreendeu um projeto de decreto que permitiria ao ex-presidente Jair Bolsonaro intervir na Justiça Eleitoral com o objetivo de reverter o resultado das eleições de 30 de outubro.

O projeto de decreto, nunca aprovado ou apresentado publicamente, previa a declaração do estado de defesa (estado de exceção) para intervir no Tribunal Superior Eleitoral e efetuar uma “correção do processo eleitoral presidencial”.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que este documento mostra que houve um planeamento dos ataques de radicais de extrema-direita contra as instituições democráticas do Brasil.

Antes dos ataques às sedes dos três poderes, os radicais bloquearam estradas, invadiram uma esquadra de Brasília em meados de dezembro e, dias depois, deixaram um artefacto explosivo próximo ao aeroporto da capital, que foi desativado pela polícia.

A invasão dos edifícios começou depois de militantes da extrema-direita brasileira que apoiam o anterior presidente, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, na capital brasileira.

Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro terão atuado com negligência e omissão.

A polícia brasileira identificou, interrogou e prendeu 1.159 ‘bolsonaristas’ envolvidos nas invasões e vandalização das sedes dos três poderes em Brasília, ocorridas no último domingo, segundo um balanço da Polícia Federal.

Esta sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal decidiu, a pedido da Procuradoria-Geral da República, incluir Jair Bolsonaro no inquérito que procura determinar a autoria intelectual do ataque à sede dos Três Poderes da capital federal.

Para sustentar o pedido, a PGR cita um vídeo publicado por Bolsonaro nas redes sociais a 10 de janeiro, dois dias depois dos ataques, questionando o resultado eleitoral de outubro.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Mais uma DITADURA! O Brasil vive o Totalitarismo do Século XXI. Já é uma Venezuela. Não há liberdade de expressão nem Justiça. Um Juiz da suprema corte assume o papel de Ditador, executa ordens.

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